Líder do PKK pede um congresso extraordinário para abandonar as armas

  • Por Agencia EFE
  • 28/02/2015 11h31
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Istambul, 28 fev (EFE).- O fundador e líder da guerrilha curda da Turquia, Abdullah Öcalan, convidou neste sábado este grupo para realizar um congresso extraordinário para decidir o abandono definitivo das armas.

Öcalan, preso na Turquia desde 1999, transmitiu a mensagem ao Partido dos Trabalhadores de Curdistão (PKK) através de uma delegação do Partido Democrático dos Povos (HDP), a formação política que representa a esquerda curda do país.

Um deputado do HDP leu o comunicado em um comparecimento conjunto com ministros do governo turco, no que constitui a primeira vez que altos cargos curdos e governamentais traçam juntos uma rota rumo à paz.

“Convido o PKK a realizar um congresso de desarmamento na primavera para lançar a estratégica e histórica decisão de abandonar a luta armada com base em princípios mínimos sobre os quais se chegue a um acordo”, diz o comunicado de Öcalan.

Já em 2013, o líder curdo tinha anunciado que “as armas devem cessar” e que a luta curda tinha que mudar rumo ao terreno democrático, uma chamada que foi seguida por um cessar-fogo que dura até hoje e negociações frágeis entre governo e guerrilha.

“Estamos mais perto da paz do que nunca”, anunciou hoje o deputado do HDP Sirri Süreyya Önder, que compareceu junto ao vice-primeiro-ministro Yalçin Akdogan e o ministro do Interior, Afkan Ela.

Önder declarou que o processo de paz chegou a “uma etapa oficial, séria e responsável”, e agora começariam negociações oficiais baseadas em dez artigos que definiriam o marco de desarmamento do PKK.

O líder enumerou os dez pontos como “acordo-base”, entre os quais destacam-se a definição de uma nação comum para curdos e turcos baseada em princípios democráticos e uma nova Constituição para garantir uma “cidadania livre”.

“Nossa democracia alcançou um nível no qual tem a capacidade e a oportunidade de dialogar sobre nossos problemas. Depor as armas acelerará o processo democrático”, assegurou, por sua parte, Akdogan.

“Uma Turquia que deixe para trás seus problemas essenciais será uma potência regional e global. Somos Turquia, todos juntos”, acrescentou.

Os três parlamentares do HDP que tomaram parte no encontro com o governo visitaram previamente Öcalan na prisão de Imrali, assim como comandantes do PKK nos quartéis-gerais da guerrilha nas montanhas do norte do Iraque.

Desde o início das negociações de paz em 2013, durante a qual o PKK retirou a maior parte de seus milicianos da Turquia, o HPD funcionou como intermediário entre Öcalan e os atuais comandantes da guerrilha, mas é a primeira vez que seus deputados comparecem junto a altos cargos do governo para falar publicamente do processo. EFE

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