Líder do talibã diz que Islã permite negociar paz com inimigos do Afeganistão

  • Por Agencia EFE
  • 15/07/2015 07h06

Cabul, 15 jul (EFE).- O líder dos talibãs afegãos, mulá Mohammed Omar, fez referência pela primeira vez nesta quarta-feira ao processo de paz aberto entre os insurgentes e o governo do Afeganistão, ao afirmar que o Islã não proíbe as negociações com os inimigos.

“Os encontros e interações de paz com os inimigos não estão proibidos (pelo Islã). O que está proibido é desviar-se dos nobres ideais”, afirmou Omar em comunicado divulgado por ocasião do fim da festividade muçulmana do Ramadã.

O líder dos talibãs, no entanto, ressaltou que “os esforços políticos e a via pacífica” não excluem o emprego da força armada para obter o objetivo final, que é a expulsão das forças “invasoras” do Afeganistão e a implantação de um estado islâmico.

Omar anunciou como parte do processo de paz a criação de um “escritório político” que terá a responsabilidade de monitorar e dirigir todas as atividades políticas.

Além disso, o mulá pediu que os seguidores do talibã confiem no processo porque nele serão defendidos “firmemente” todos os direitos e pontos, reivindicando “unidade” entre os insurgentes para evitar que ocorram fraturas internas.

O líder insurgente justificou sua defesa pela “via pacífica” ao mesmo tempo em que mantém a luta armada assegurando que o profeta Maomé fez o mesmo no passado.

O comunicado foi divulgado uma semana depois da reunião no Paquistão de representantes dos talibãs e do governo afegão para dar início às negociações de paz no Afeganistão, um encontro que deve se repetir em uma data ainda a ser determinada.

Esse primeiro encontro ocorreu após reuniões informais realizadas no Catar e na Noruega nos últimos meses, em meio à ofensiva insurgente de primavera, que intensificou os ataques em todo o país.

No passado, outras tentativas de paz fracassaram, como uma iniciativa de diálogo impulsionada pelos Estados Unidos no Catar entre o governo do então presidente Hamid Karzai e os talibãs. EFE

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