Líder rebelde Kony pede que conversas de paz com Uganda sejam retomadas
Campala, 27 jan (EFE).- O rebelde ugandense Joseph Kony, líder do grupo que é acusado pelo assassinato, sequestro, tortura e violação de milhares de pessoas desde os finais dos anos 80, expressou sua vontade de retomar as conversas de paz com Uganda para colocar fim a um conflito armado.
O líder do Exército de Resistência do Senhor (LRA, por sua sigla em inglês), rompeu seu longo silêncio em carta aberta ao povo e às autoridades de Uganda divulgada nesta segunda-feira.
A carta, datada de 24 de janeiro sob o título “Mensagem do general Joseph Kony, comandante do Exército de Resistência do Senhor, ao povo de Uganda”, foi divulgada por um conhecido membro de sua equipe, apelidado de Mission Okello.
Na carta, o líder rebelde, que permanece escondido na selva da República Centro-Africana (RC), esclarece que “esta mensagem é para confirmar ao mundo que a mensagem trasmitida por meu enviado era real e que a mandei para reiniciar as conversas de paz entre o Governo de Uganda e o LRA”.
Em 2006, Kony rejeitou assinar um acordo de paz com o Governo de Uganda após meses de negociações na capital do Sudão do Sul.
Nesta ocasião, Kony afirma que já mandou várias mensagens para representantes das Nações Unidas e da União Africana nas quais expressa sua vontade de retomar o processo de paz.
“Agradeço a resposta positiva que a mensagem levada pelo meu enviado teve, e sua luta por tentar restabelecer as conversas de paz”, acrescenta.
O líder do grupo rebelde, que é perseguido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) desde 2005 por crimes contra a humanidade, se encontra no sul da RC junto a mil seus seguidores, confirmou à Agência Efe o porta-voz do Governo centro-africano, Guy Simplice em novembro.
As autoridades de Bangui entraram em contato com Kony há dois meses, e proporcionaram comida e remédios ao grupo guerrilheiro, convencidas de que as conversas podem levar a LRA a depor as armas.
O TPI emitiu uma ordem de detenção contra Kony por crimes contra a humanidade cometidos em Uganda, na República Democrática do Congo, Sudão do Sul e na República Centro-Africana.
No final dos anos 80, Kony aproveitou os restos do Movimento do Espírito Santo para formar sua própria milícia, cujo objetivo era instaurar um Estado teocrático sob os dez mandamentos em Uganda.
A partir de 2006, o LRA transferiu seu conflito aos citados países vizinhos, que em 2012, com o respaldo das Nações Unidas e da União Africana, formaram uma força militar conjunta de cinco mil soldados para apanhá-lo.
Os Estados Unidos enviaram uma centena de assessores militares para colaborar na captura de Kony, um criminoso que conheceu a fama mundial devido a uma controvertida campanha da ONG americana “Invisible Children” (“Crianças invisíveis”). EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.