Líderes de protestos em Hong Kong enfrentam possíveis detenções
Hong Kong, 6 jan (EFE).- Mais de 30 figuras-chave da campanha de desobediência civil que começou no final de setembro em Hong Kong começaram a ser contatados na segunda-feira pela polícia como suspeitos de instigar os protestos e podem ser detidos, segundo o jornal local “South China Morning Post”.
Segundo a publicação, que cita fontes policiais, os ativistas seriam acusados de instigar, organizar ou ajudar os assentamentos ilegais dos protestos que tomaram várias zonas da cidade ao longo de 79 dias e que cessaram após o desmantelamento realizado pela polícia em diferentes operações.
Entre os até agora convocados pela polícia figuram os líderes estudantis Alex Chow e Josuah Wong, os principais representantes dos estudantes que lideraram os protestos e que já foram detidos durante o desmantelamento das zonas ocupadas.
Também se encontram os três principais líderes do Occupy Central, o movimento que desencadeou maciços protestos sem precedentes a favor de maiores liberdades democráticas no território chinês de Hong Kong.
Trata-se do reverendo Chu Yiu-ming e dos acadêmicos Benny Tai e Chan Kin-man, que em 3 de dezembro optaram por se entregar voluntariamente à polícia para enfrentar as consequências legais por ter realizado uma campanha de desobediência civil.
O trio abandonou as dependências policiais uma hora depois.
Vários parlamentares membros dos partidos liberais estão também na lista de suspeitos da polícia.
Segundo o jornal, foi pedido aos convocados que se apresentam nas dependências policiais onde será realizada a detenção e depois podem obter liberdade mediante pagamento de fiança.
A publicação também assinala que aqueles que desobedeçam o chamada policial, podem ser detidos imediatamente.
Outro dos nomes destacados que aparece na lista da polícia é o do magnata dos meios de comunicação Jimmy Lai, proprietário e ex-editor do jornal antichinês “Apple Daily”, que foi detido por se negar a abandonar voluntariamente um dos assentamentos dos protestos em 11 de dezembro.
Lai foi posto em liberdade no dia seguinte, quando anunciou sua demissão à frente do jornal local.
A polícia estaria trabalhando em uma segunda lista de ativistas que seriam convocados para colaborar na investigação e poderiam enfrentar também possíveis detenções.
A investigação foi anunciada por um alto responsável policial horas depois do desmantelamento do último acampamento dos protestos, em 15 de dezembro, deixando claro que os principais instigadores do movimento seriam detidos posteriormente, dando um prazo de três meses para realizar as investigações.
Esta ação policial coincide agora quando o debate sobre a reforma do sistema eleitoral de Hong Kong, o motivo dos protestos, volta à cena política e social da cidade.
A secretária-geral de Hong Kong, segundo alto cargo do governo, Carrie Lam, divulgará amanhã três possíveis propostas sobre os métodos de escolha dos candidatos ao chefe do executivo para o pleito de 2017, que serão votados pelos cidadãos.
As propostas se centrarão no processo de nomeação dos pré-candidatos, depois que o governo chinês anunciou em 31 de agosto que um comitê de 1,2 mil membros selecionará dois ou três candidatos.
Essa decisão provocou o descontentamento social que derivou nos maciços protestos populares do final do ano passado.
As propostas que amanhã passarão para consulta pública não dará poder aos eleitores para vetar os futuros candidatos, que serão pré-selecionados pelo comitê chinês, mas sim para decidir como os comitês poderiam ser eleitos. EFE
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