Líderes de todo o mundo se comprometem na ONU com a igualdade de gênero
Nações Unidas, 27 set (EFE).- Cerca de 80 líderes de todo o mundo, entre eles a presidente Dilma Rousseff, se comprometeram pessoalmente neste domingo a trabalhar para eliminar a discriminação contra a mulher antes de 2030.
O compromisso foi assumido durante uma reunião realizada às margens da cúpula sobre desenvolvimento das Nações Unidas e que também contou com a participação dos presidentes de Cuba, Raúl Castro; da Argentina, Cristina Kirchner; e do México, Enrique Peña Nieto.
“Como chefes de Estado e de governo têm o poder e a responsabilidade de assegurar que a igualdade de gênero é e continua sendo uma prioridade nacional”, disse aos líderes o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Ban, que abriu o encontro, pediu a elaboração e implementação de políticas de igualdade coerentes, apoio financeiro a estes tipos de ações e atenção ao cumprimento das promessas feitas pelos governos.
Todos os participantes reconheceram que a igualdade de gênero está ainda muito longe e, como exemplo, o presidente cubano apresentou uma série de estatísticas.
“Uma de cada três mulheres experimenta violência física e sexual, 90% dos 2,5 milhões de vítimas de tráfico humano pertencem ao sexo feminino, seus níveis de desemprego são mais elevados e recebem, em média, só entre 60% e 75% do salário dos homens por trabalho de mesmo valor”, detalhou.
Castro lembrou, além disso, que 70% dos milhões de pobres do mundo são mulheres e que mais de 300.000 delas morrem a cada ano por complicações evitáveis durante o parto.
O presidente cubano abordou também o problema da presença da mulher na tomada de decisões, assinalando que sua representação nos parlamentos em nível mundial é de apenas 22%.
Castro destacou os grandes progressos conseguidos por seu país em matéria de igualdade – praticamente metade do parlamento está formado por mulheres, por exemplo -, mas reconheceu que “resta muito por fazer”.
A presidente argentina, por sua parte, defendeu que apenas em países com desenvolvimento econômico e poucas desigualdades é possível avançar realmente.
“Sonhar com a igualdade de gênero em um país desigual, em um país com grandes brechas sociais, é simplesmente retórica ou ilusão”, opinou Cristina Kirchner.
A presidente argentina comentou, além disso, que mesmo nos países mais desenvolvidos “sobrevive uma discriminação cultural contra a mulher”.
“Mesmo aquelas que ocupamos um alto grau na magistratura do país, muitas vezes as críticas que sofremos não são políticas, mas sexistas”, denunciou.
Peña Nieto, que foi um dos copresidentes da sessão, destacou a importância que a perspectiva de gênero figure como um dos eixos da nova agenda global de desenvolvimento adotada pelos países das Nações Unidas.
“O empoderamento das mulheres enriquece e dá solidez às grandes causas da humanidade”, ressaltou o presidente mexicano, que se comprometeu a promover responsabilidades compartilhadas entre mulheres e homens”.
A reunião aconteceu precisamente em um momento no qual ganha força o debate sobre a conveniência que o próximo secretário-geral da ONU seja uma mulher.
Essa ideia foi respaldada hoje por Cristina Kirchner, que recebeu uma grande ovação ao apoiar abertamente essa causa. EFE
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