Líderes do Apec se reúnem sob a sombra do crescente poderio chinês
Rafael Cañas
Pequim, 10 nov (EFE).- Os líderes dos países da região da Ásia-Pacífico iniciaram nesta segunda-feira uma cúpula sob a sombra do crescente poderio econômico e político da China, anfitriã da reunião e principal potência emergente em nível global.
A cerimônia de abertura da cúpula buscou marcar de novo a confiança em si mesmo do gigante asiático, retomando os temas estéticos dos Jogos Olímpicos de 2008, que marcaram de alguma forma sua explosão mundial, e além de ter sido realizada no Cubo de Água olímpico.
O anfitrião da festa, o presidente Xi Jinping, deu as boas-vindas aos 20 chefes de Estado e governo para o jantar que marcou o início da cúpula, aos quais lembrou a “responsabilidade de fazer do Pacífico um oceano de paz, amizade e cooperação e que traga paz, desenvolvimento, prosperidade e progresso à região”.
Xi disse também que o propósito da cúpula é dar continuidade ao “desenvolvimento dinâmico” da região e encorajou os presentes a ter uma visão a longo prazo da zona Ásia-Pacífico.
Após o jantar, um espetáculo de música e dança, tanto tradicional como contemporânea, Xi tentou de novo mostrar as duas caras deste país, que se modernizou de forma brusca e procura seu lugar no pódio mundial enquanto segue apegado a sua história milenar.
As sessões de trabalho da cúpula ocorrerão na terça-feira no Lago de Yanqi (arredores de Pequim), e se centrarão nas distintas ideias para promover na região o livre-comércio e o desenvolvimento de infraestruturas que facilitem os intercâmbios.
Trata-se dos principais assuntos para todos os membros de Apec, mas sobretudo para a China, que procura estender a influência gerada por seu enorme mercado (cerca de 1,4 bilhão de pessoas) e sua imensa reserva de divisas (calculada em cerca US$ 4 trilhões).
E frente a Xi apareceu hoje os Estados Unidos e a Rússia, muito debilitada economicamente no último ano e que tem um décimo da população chinesa, tal como se viu na segunda e última jornada da chamada “cúpula de executivos” que aconteceu em Pequim.
O americano Barack Obama ofereceu à China aumentar a cooperação bilateral em benefício global, como em mudança climática e economia, mas não deixou de lembrar que os Estados Unidos mantêm a liderança mundial graças à força de sua economia e a sua preeminência em assuntos internacionais, seja no combate ao terrorismo como na luta contra o ebola.
Mas tratava-se de um Obama muito debilitado pela recente e dura derrota eleitoral de seu partido, algo que tentou compensar apregoando ao bom desempenho da economia de seu país.
E pela Rússia, o presidente Vladimir Putin reconheceu perante o mesmo fórum os problemas financeiros que seu país enfrenta, ao admitir que o rublo se desvalorizou quase 30% frente ao dólar durante este ano, embora tenha não mencionado a saída maciça de capitais, tudo isso produto das sanções ocidentais pela crise da Ucrânia.
Putin se reuniu no domingo com Xi, com quem assinou novos acordos para a comercialização de gás, em um novo capítulo da tábua de salvação econômica que Pequim ofereceu a Moscou após essas sanções.
E os demais líderes farão o mesmo, em um um autêntico peregrinar pelo Grande Palacio do povo para se reunir com o presidente da potência que nos últimos dois anos assinou ou avançou acordos de cooperação econômica e comercial com praticamente meio mundo. EFE
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