Líderes ibero-americanos se reúnem em “tempos difíceis” para seus países

  • Por Agencia EFE
  • 03/12/2014 19h32

Carlos A. Moreno.

Rio de Janeiro, 3 dez (EFE).- Os chefes de Estado e de Governo de região ibero-americana se reúnem na próxima semana em momentos em que vários de seus países têm pela frente “tempos difíceis” em nível econômico, com uma forte desaceleração no Brasil e a crise rondando Venezuela e Argentina.

O crescimento previsto para a América Latina em 2014 é o menor dos últimos cinco anos e, apesar de até 2015 se esperar uma melhora, a taxa ainda será baixa, segundo as últimas projeções de órgãos como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Comissão Econômica Para a América Latina (Cepal).

No relatório “Perspectivas Econômicas Globais”, divulgado em outubro, o FMI projetou que a América Latina crescerá 1,3% em 2014 e que a expansão chegará a 2,2% em 2015.

O Banco Mundial espera uma expansão de apenas 1,2% neste ano e de 2,2% em 2015 especialmente pela desaceleração no Brasil e às crises em Argentina e Venezuela. A Cepal, mais otimista, espera um crescimento de 2,2% neste ano e de 2,5% no próximo.

As projeções pessimistas se estendem a toda região, mas todos os órgãos esclarecem que há algumas exceções, como o Panamá, que poderá crescer 6,6% neste ano e 6,4% no próximo, e a Bolívia, com uma expansão de 5,2% em 2014 e de 5% em 2015.

Por outro lado, as previsões são menos pessimistas para os países que fazem parte da Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile) do que para os do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela).

Esse pessimismo já se refletiu no investimento estrangeiro direto, que, segundo a Cepal, no primeiro semestre de 2014 se limitou a US$ 85,465 bilhões, com uma queda de 23% frente ao mesmo período do ano passado.

Segundo o FMI, os tempos que se avizinham serão “difíceis” para a região devido à estagnação das exportações de matérias-primas pelo enfraquecimento nos mercados mundiais e a desaceleração na China, à “incerteza” na política interna em alguns países e à inibição dos investidores privados pela falta de confiança e a espera de melhores momentos.

O Banco Mundial, por sua vez, considera que a atual desaceleração na região ameaça as importantes conquistas sociais alcançadas na última década. Em dez anos até 2012, a pobreza extrema se reduziu à metade, até 12% da população, e a classe média dobrou em tamanho, até 34%.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o clima para os negócios na América Latina caiu em outubro a seu menor nível desde julho de 2009, quando a região vivia os piores momentos da crise econômica internacional.

Os três países da região com pior clima para os negócios neste momento, segundo a FGV, são precisamente Brasil, Argentina e Venezuela.

A média de crescimento da região despenca principalmente devido ao Brasil, maior economia da América Latina e país para o qual o FMI prevê um crescimento de 0,3% em 2014 e de 1,4% em 2015.

Após cair em recessão técnica ao acumular dois trimestres consecutivos de contração (-0,2% no primeiro trimestre e -0,6% no segundo), o Brasil cresceu um leve 0,1% no terceiro trimestre, segundo os dados divulgados pelo governo na sexta-feira. O crescimento acumulado nos nove primeiros meses de 2014 se limitou a 0,2%, e o acumulado nos últimos 12 meses até setembro, a 0,7%.

Os economistas do mercado esperam que o Brasil cresça 0,19% neste ano, a menor expansão desde 2009 (-0,33 %).

Quanto à Argentina, apesar dos desmentidos de seu governo, o FMI assegura que “o contexto recessivo é muito claro” e projeta uma queda de 1,7% em 2014 e de 1,4% em 2015.

A crise na Argentina é atribuída à falta de acesso aos mercados internacionais de capital, restrições à oferta, inflação elevada e fuga do investimento privado.

A situação na Venezuela é ainda mais crítica, já que para esse país se espera uma contração de 3% neste ano e de 1% em 2015, com uma inflação que pode chegar a 64% por ano.

Para o México, segunda maior economia da região, o Fundo prevê um crescimento de 2,4% neste ano e de 3,5% em 2015, resultado que é atribuído à recuperação da economia dos Estados Unidos.

O México está “recuperando o ritmo”, mas “não suficientemente rápido para compensar o enfraquecimento que o marcou no início de 2014”, de acordo com o Fundo. EFE

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