Líderes islâmicos repudiam publicação de nova charge de Maomé

  • Por Agência Brasil
  • 14/01/2015 14h29
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EFE Edição da Charlie Hebdo teve três milhões de exemplares

A decisão do jornal satírico Charlie Hebdo de publicar uma nova charge de Maomé na capa da edição histórica que foi às bancas hoje (14) gerou reações de líderes islâmicos em todo o mundo. O secretário-geral da Organização para a Cooperação Islâmica (OIC), Iyad Amin Madani, qualificou a atitude do jornal de “insolente, ignorante e irresponsável”.

Ele disse que o mundo islâmico não só condenou os ataques terroristas que aconteceram na última semana na França, como participou, por meio de cidadãos e líderes, da marcha que reuniu 1,5 milhão de pessoas em Paris, no último domingo (11). “Mas ao mesmo tempo nós vemos que, no dia seguinte, o jornal voltou a publicar desenhos de Maomé. Isso é uma insolência, uma ignorância e uma irresponsabilidade. Pessoas marcharam pela sua liberdade de expressão, mas essa liberdade não pode atingir a crença de outras pessoas”, enfatizou Madani.

O ministro do Exterior do Irã, Mohammad Javad Zarif, em entrevista concedida antes de iniciar reunião com o chefe da diplomacia norte-americana, John Kerry, sobre a redução da capacidade nuclear do país, disse que “valores e crenças precisam ser respeitadas para que haja um diálogo sério com o Ocidente”.

O grupo Hamas, movimento islâmico fundamentalista, também se manifestou. Em Gaza, o porta-voz, Fawzi Barhoum, condenou a charge do profeta Maomé. “Esta é uma ação perigosa. É claramente um ataque aos muçulmanos, é uma motivação para o ódio e a consolidação do ódio contra os muçulmanos no mundo e na França. Todas essas campanhas contra o islamismo, contra o profeta Maomé e contra os muçulmanos no Ocidente precisam parar”. 

A capa da edição histórica do jornal Charlie Hebdo – a primeira depois que a publicação foi vítima de um ataque terrorista que deixou 12 mortos na última quarta-feira (7) – traz uma charge do profeta Maomé com lágrimas nos olhos, segurando uma placa onde se lê “Je suis Charlie”, que quer dizer “Eu sou Charlie”, a mesma frase utilizada por milhões de manifestantes que marcharam pelas ruas da França no domingo. No topo, o título: “Tudo está perdoado”. 

A edição tinha tiragem prevista de 3 milhões de exemplares, mas com a grande demanda registrada esta manhã, foi ampliada para 5 milhões de exemplares, número mais de 80 vezes maior do que a circulação normal, de 60 mil.

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