Líderes muçulmanos britânicos criticam leis antiterroristas

  • Por Agencia EFE
  • 01/09/2014 11h44
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Londres, 1 set (EFE).- O Conselho Muçulmano Britânico, a maior associação islâmica no Reino Unido, afirmou nesta segunda-feira que promover novas leis contra os muçulmanos que vão combater no exterior contribuirá para uma maior radicalização de jovens marginalizados.

Em entrevista para o site do jornal “The Guardian”, o subdiretor do conselho -que representa mais de 500 mesquitas e grupos muçulmanos-, Harun Khan, disse que o governo deveria dialogar com grupos como o seu para tentar reduzir o problema do extremismo.

“Devem falar conosco e outros grupos para entender o que está levando estes meninos por este caminho”, disse Khan.

“Parte do problema é esta constante menção de novas leis, mais assédio e vigilância, isso de retirar o passaporte das pessoas. Isto é o que leva os jovens à radicalização”, afirmou.

Ghaffar Hussain, da Fundação Quillam, concordou que o governo tem uma estratégia contra o terrorismo mas que não combate o extremismo.

“O problema é que a política do governo parecer ser: uma vez que as pessoas se radicalizaram, vamos detê-los, mas então é tarde demais, já foram perdidos. A chave é parar antes que se radicalizem”, declarou.

Khan lamentou além disso que, ao contrário do anterior Executivo trabalhista, o governo atual, formado por conservadores e liberais-democratas, romperam o diálogo com o Conselho.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, deve anunciar hoje no parlamento novas medidas para combater o jihadismo, após elevar para grave o nível de alerta terrorista no Reino unido.

Cameron proporá mudanças na legislação a fim de penalizar os britânicos que viajem para países como o Iraque ou Síria para combater ao lado de islamitas.

Na semana passada o governo elevou para “grave” -quarto grau de uma escala de cinco- o nível de alerta por terrorismo perante a evolução desses conflitos.

Entre outras medidas, Londres pode impor uma proibição temporária de volta ao país dos jihadistas (combatentes na guerra santa do islã) ou a retirada do passaporte antes que embarquem em voos rumo ao Oriente Médio.

Em negociações de última hora dentro da coalizão governamental, estuda-se também obrigar as companhias aéreas a fornecer informação sobre seus passageiros mais rápido do que ocorre atualmente.

O ministro da Defesa, o conservador Michael Fallon, disse que o Reino Unido enfrenta “ameaças reais” de terrorismo e negou que a reação esteja sendo exagerada.

O serviço secreto calcula que cerca de 500 muçulmanos britânicos viajaram para Síria e Iraque para combater ao lado dos extremistas do Estado Islâmico (EI), dos quais 250 podem ter retornado ao Reino Unido, o que deixaria o país com risco de ataques terroristas. EFE

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