Local de atentados em Paris, café volta a abrir as portas

  • Por EFE
  • 04/12/2015 19h31

Franceses fazem homenagens às vítimas dos ataques terroristas

EFE “Jovens são os alvos principais”

O café parisiense “La Bonne Bière”, que teve cinco clientes assassinados nos atentados jihadistas do dia 13 de novembro, reabriu nesta sexta-feira com o desejo de recuperar a normalidade entre frequentadores assíduos e taças de vinho e cerveja.

O fuzileiro naval Kerdaffrec e seus colegas estudantes, com idades entre 20 e 22 anos, voltam a pedir o tradicional café no intervalo de meio-dia entre as aulas.

“Este é o nosso café, e vir aqui hoje nos parecia simbólico”, explicou Kerdaffrec.

“La Bonne Bière”, onde os jihadistas também feriram três pessoas, é o primeiro, e por enquanto, o único dos estalecimetnos atacados a reabrir como ato de resistência contra o terror.

“Todos no café tínhamos a vontade de abrir rapidamente, de voltar a ficar de pé. Nosso pessoal não foi atacado e os danos não tinham sido tão numerosos como em outros locais, isso ajudou”, disse um de seus responsáveis, Marc Eskenazi, de 58 anos.

Para voltar a funcionar, o café precisou apenas de uma nova pintura e substituiu alguns vidros e cadeiras danificados no incidente.

“Queremos mostrar que somos mais fortes que eles. Este é um lugar de encontro, troca e convivência. Quisemos apagar o estigma desse pesadelo”, comentou a gerente, Audrey Bily, embora ainda haja uma marca de bala sobre o letreiro.

O café mantém o mesmo espírito, com decorações relaxantes e elegantes, e continua tão movimentado como antes, segundo os clientes.

Sylvain Ramsamy, de 72 anos, foi ao local para se manifestar contra o “obscurantismo” que os terroristas pretendem impor.

“O costume dos jovens de ficar em um bar, como eu também fazia antes, de ir a dançar, de ir ao estádio, faz parte de nossos valores, que temos que defender”, afirmou.

Enquanto toma seu terceiro café, esse cliente habitual, original das Ilhas Mauricio, destacou que é preciso “reconstruir a convivência”.

Na entrada do local, um cartaz lembra as vítimas e agradece a bombeiros, policiais e cidadãos pelo apoio recebido. A placa em memória aos falecidos terá que esperar o consentimento das famílias.

Na varanda do estabelecimento há um cartaz com a frase “Je suis en terrase” (Estou no terraço) que se popularizou nas redes sociais para sair a bares e restaurantes e assim mostrar a determinação de manter o estilo de vida francês.

Um memorial de flores e velas em frente ao café, além de aproximadamente 50 clientes e um vários garçons, refletem a sensação dos trabalhadores do local.

“Tentamos conciliar a lembrança com a volta à normalidade, e os clientes, muitos deles assíduos, nos agradeceram hoje por seguirmos adiante”, disse Eskenazi.

De férias em Paris durante vários dias, Bassam Hallak, um australiano de 48 anos de origem árabe, aguarda os amigos em uma das poltronas de veludo.

“Eu precisava tomar um café aqui hoje, em homenagem aos que perderam a vida”, afirmou.

O bairro, bastante ferido pelos ataques a vários espaços de lazer, já fica com os restaurantes cheios na hora do almoço e grande circulação de pedestres nas ruas

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