Londres anuncia libertação do último preso britânico em Guantánamo

  • Por Agencia EFE
  • 25/09/2015 14h41

Londres, 25 set (EFE).- O governo do Reino Unido anunciou nesta sexta-feira que o último preso britânico retido na base americana de Guantánamo, Shaker Aamer, vai ser libertado.

Aamer, de 46 anos, foi detido no Afeganistão em 2001 e levado ao ano seguinte à prisão na ilha de Cuba, onde permaneceu durante 13 anos embora nunca tenha sido acusado e nem submetido a um julgamento.

O cidadão de origem saudita é casado com uma mulher britânica, com a qual tem quatro filhos, e é residente legal no Reino Unido.

Um porta-voz do Executivo britânico informou que as autoridades americanas notificaram a intenção de que Aamer fique livre e possa retornar ao Reino Unido.

“O governo tratou regularmente o caso de Aamer com os Estados Unidos e apoiamos o compromisso do presidente Barack Obama com o fechamento das instalações de detenção na baía de Guantánamo”, disse esse porta-voz.

“Sobre os seguintes passos, entendemos que o governo americano notificou ao Congresso sua decisão e que, uma vez concluído o prazo de notificação (30 dias), Shacker Aamer voltará ao Reino Unido”, acrescentou.

O saudita se estabeleceu com sua esposa em Londres em 1996 e viajou em 2001 ao Afeganistão para trabalhar com uma organização islâmica sem fins lucrativos de ajuda à infância.

Na cidade de Cabul foi detido pelo Exército dos Estados Unidos, perante as suspeitas de que apoiava os talibãs, e levado a Bagram, a maior base americana no Afeganistão, onde foi submetido a interrogatórios.

As autoridades americanas acreditam que Aamer liderou uma unidade de combate talibã e chegou a se reunir com o antigo líder do grupo terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden.

Seus advogados asseguraram que Aamer sofreu torturas e foi golpeado durante interrogatórios nos quais estiveram presentes funcionários do Reino Unido.

O detido foi levado mais tarde à prisão de Guantánamo, onde durante mais de quatro anos permaneceu recluso em uma cela isolada, porque os guardiães da prisão consideravam que exercia uma influência excessiva sobre o resto de presos.

Diversas organizações em favor dos direitos humanos defenderam nos últimos anos sua libertação.

A diretora da Anistia Internacional (AI) no Reino Unido, Kate Allen, afirmou hoje que seu próximo retorno ao Reino Unido é um “grande alívio”.

“No passado, Aamer esteve às portas da morte durante uma greve de fome”, acrescentou Allen, para quem os 13 anos que passou preso em Guantánamo representam uma “subversão da justiça”. EFE

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