Londres autoriza investigação pública sobre a morte de ex-espião Litvinenko
Londres, 22 jul (EFE).- A ministra britânica de Interior, Theresa May, anunciou nesta terça-feira que haverá uma investigação pública no Reino Unido sobre a morte por envenenamento em Londres do ex-espião russo Alexander Litvinenko, em 2006.
A titular de Interior assinalou que espera que esta investigação seja um “consolo” para a viúva de Litvinenko, Marina, que há anos pede um esclarecimento deste tipo.
O ex-espião da KGB, que estava exilado no Reino Unido desde 2000, morreu em 23 de novembro de 2006 aos 43 anos, envenenado com a substância radioativa polônio-210, após tomar chá em um hotel da capital britânica com dois colegas russos.
A viúva acredita que seu marido foi assassinado por ordens do Kremlin e revelou que, na época da morte, colaborava para os serviços de espionagem britânicos MI6.
Após o anúncio de Mai, Marina Litvinenko disse estar “aliviada e maravilhada” porque haverá finalmente uma investigação pública que permita enviar uma mensagem clara aos assassinos de que, por mais poderosos que sejam, a “verdade aparece no final”.
Com esta pesquisa, que não teve data de início fixada, os investigadores poderão estabelecer se o Estado russo estava envolvido em uma conspiração para matar o antigo agente da KGB.
Espera-se que muitas das provas levantadas na investigação sejam analisadas a portas fechadas caso afetem a segurança nacional britânica, segundo a imprensa local.
Até agora, o governo tinha se negado a iniciar um processo deste tipo por considerar que não era necessária, pois já havia outras duas abertas, a policial e a legista.
Mas Marina Litvinenko insistiu na necessidade de esclarecer o que aconteceu através de uma pesquisa pública.
A investigação será presidida pelo juiz Robert Owen, quem foi o responsável pela pesquisa legal sobre a morte de Litvinenko.
Segundo Interior, o objetivo é estabelecer “como, quando e onde” o ex-espião morreu e “quem” foi responsável por seu envenenamento, mas não se centrará em determinar se as autoridades britânicas deveriam tomar medidas para evitá-lo.
Em fevereiro, o Tribunal Superior de Londres já tinha considerado que o governo devia revisar a decisão de não autorizar a investigação pública.
A partir de uma ação apresentada pela viúva, a corte concluiu que o executivo deveria reconsiderar sua posição porque as razões apresentadas pelo Interior não ofereciam uma “base racional” suficiente que justificasse a negativa.
A morte de Litvinenko causou uma grande comoção no Reino Unido, e os ex-agentes da KGB Andrei Lugovoi e Dmitry Kovtun foram identificados como possíveis suspeitos da morte.
A investigação no Reino Unido causou tensões com o governo russo, que se negou a cooperar com a polícia britânica. EFE
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