Londres convoca embaixador egípcio pela condenação de jornalistas
Londres, 23 jun (EFE).- O Ministério britânico de Relações Exteriores convocou nesta segunda-feira o embaixador do Egito em Londres, Ashraf Elkholy, pela condenação de prisão imposta por um tribunal egípcio a vários jornalistas do canal catariano “Al Jazeera” em inglês.
O titular da diplomacia britânica, William Hague, informou hoje que deu instruções para chamar o embaixador em relação às penas impostas aos jornalistas por divulgar notícias falsas do Egito e colaborar com a Irmandade Muçulmana.
O australiano Peter Greste (antigo jornalista da “BBC”) e o canadense de origem egípcia Mohammed Fahmy, foram condenados a sete anos de prisão, enquanto o egípcio Beher Mohammed, a dez anos. Os três estavam detidos desde o final do dezembro.
A corte condenou, além disso, a dez anos de prisão 12 pessoas julgadas à revelia, incluindo os britânicos Sue Turton e Dominic Kane, que viajaram ao Egito para cobrir os eventos após a derrocada militar em julho de 2013 do presidente Mohammed Mursi.
Por sua parte, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse se sentir “consternado” pela condenação e se mostrou “particularmente preocupado” pelo procedimento judicial contra os jornalistas, em particular porque provas importantes não foram facilitadas à equipe da defesa.
“Vamos continuar colocando este assunto com o governo egípcio e pedimos que revise este caso urgentemente e demonstre seu compromisso com a liberdade de expressão”, disse uma porta-voz desde a residência oficial de Downing Street.
Além disso, em comunicado divulgado pelo Foreign Office, Hague, de visita em Luxemburgo, também expressou sua preocupação pelo procedimento judicial e ressaltou que a liberdade de expressão é “a pedra angular de uma sociedade estável e próspera”.
“Os ministros britânicos e os diplomatas vão continuar pedindo ao governo egípcio que demonstre seu compromisso com a liberdade de expressão revisando este caso com caráter urgente e dei instruções para que seja convocado hoje o embaixador egípcio ao Ministério das Relações Exteriores”, acrescentou Hague.
Já a AI considera que os três jornalistas, detidos no Egito desde finais de 2013, são “prisioneiros de consciência” e qualificou a jornada de hoje como “um dia negro para a liberdade de imprensa”, além de reivindicar a libertação imediata dos três homens.
“É um veredicto devastador para os homens e suas famílias, e um dia negro para a liberdade de imprensa no Egito, onde os jornalistas são fechados e tratados como criminosos ou terroristas, simplesmente por fazer seu trabalho”, apontou Philip Luther, responsável do Oriente Médio e Norte da África da organização defensora de direitos humanos com sede em Londres.
“A única razão pela qual esses três homens estão na prisão é porque as autoridades egípcias não gostam do que têm que dizer. São prisioneiros de consciência e devem ser postos em liberdade de forma imediata e incondicional”, acrescentou Luther, para quem seu julgamento foi “uma farsa”.
Segundo o responsável da Anistia Internacional, esta decisão demonstra que “as autoridades egípcias não pararam com a campanha impiedosa contra os que desafiam a versão oficial, embora as provas sejam questionáveis”.
As autoridades egípcias fecharam os escritórios da “Al Jazeera” no Cairo e acusam esta televisão de respaldar a Irmandade Muçulmana -declarado grupo terrorista- e divulgar informações que não são realidade do Egito. EFE EFE
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