Luciano Coutinho desvincula empréstimos do BNDES de doações de campanha
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse hoje (14) que não é possível vincular qualquer empréstimo concedido pelo banco às doações de campanha feitas por empresas privadas. Ele foi questionado sobre o assunto durante audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Infraestrutura (CI) do Senado, na qual respondeu a perguntas dos senadores sobre a gestão do banco público de desenvolvimento.
Segundo ele, doações de campanha e decisões de doações de campanha não são do conselho. “Não temos nenhuma vinculação entre nossa participação e a questão de doação de campanhas. Não interferimos na gestão das empresas privadas, salvo para preservar a observância das regras. Posso dizer também que é impossível vincular qualquer processo de concessão do BNDES a uma promessa de doação ou qualquer coisa dessa natureza, dado o caráter técnico da instituição”, enfatizou.
Coutinho também garantiu que nenhuma participação acionária da BNDESpar, subsidiária do BNDES, se deu com subsídio público. Ele rebateu as críticas do jornal britânico Financial Times, em editorial publicado hoje, sobre a atuação da subsidiária na compra de ações do Grupo JBS Friboi. Segundo o presidente do banco, a decisão de adquirir as ações foi rentável e não utilizou dinheiro do Tesouro Nacional.
“Nenhuma participação da BNDESpar se deu com um centavo de subsídio público. Não é dinheiro do Tesouro Nacional, mas do giro da BNDESpar, com objetivo de realizar lucro”, disse Coutinho. “São recursos reinvestidos em novas empresas para dar lucro. Podemos ter atitude mais de longo prazo, fomentar empresas e realizar lucro e sair delas. E essa tem sido a estratégia. No JBS é de 24% a participação do BNDES. O volume de crédito é muito pequeno, e contribuirá para gerar recursos para investimentos em novas empresas”, explicou.
O presidente do BNDES também foi questionado sobre a atuação do banco em relação às empresas do grupo EBX, de Eike Batista. Segundo ele, as operações com esse grupo também não causaram qualquer prejuízo, porque os investimentos não foram feitos na empresa OGX, que faliu. “O BNDES não concedeu crédito e nem investiu na empresa que foi a origem de todo o problema do grupo, a OGX. A empresa foi financiada no mercado de capitais e houve expectativa de que apresentaria desempenho extraordinário; isso não ocorreu, e as ações caíram. Não havíamos investido, e não fomos afetados”, declarou.
Além disso, Coutinho esclareceu que as empresas do grupo EBX, nas quais havia dinheiro do BNDES, tinham investimentos sólidos em mineração e energia, e graças a isso foram vendidas a outros empreendedores também sólidos. “No momento em que esses ativos foram comprados por novos empreendedores – muito sólidos –, o crédito do BNDES foi transferido de uma empresa do grupo EBX para outra com sólida estrutura financeira”, explicou.
O presidente do BNDES também avaliou que haverá “moderação no desempenho” do banco neste ano, em razão dos ajustes econômicos pelos quais o país está passando. Ele não deu números exatos, mas disse que já há redução na demanda pelas linhas de financiamento.
Mais cedo, Coutinho já tinha dito que não poderia dar detalhes dos empréstimos concedidos pelo BNDES, pois isso significaria quebra do sigilo bancário das empresas e gerar questionamentos judiciais posteriores.
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