Lula critica decisões econômicas de Dilma e defende: “pobres são a solução”
Durante entrevista à rede britânica BBC na qual chamou o impeachment de “golpe” e disse não ter medo de ser preso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também analisou a situação econômica do País.
Lula culpou o sistema econômico global pela crise no Brasil, mas depois fez uma espécie de “mea-culpa”.
“Aqui no Brasil a gente poderia não estar em crise. A gente poderia não estar na situação em que a gente está, porque poderíamos ter tomado decisões mais rápidas. Mas não tomamos”, assumiu, sem deixar claro se se referia ao próprio governo (2003-2010) ou ao da presidente Dilma Rousseff (2011 em diante).
Ele reclamou que os países do G-20 não se abriram para o comércio exterior desde 2009, início da crise financeira internacional, o que só agravou a situação. O protecionismo das nações teria aumentado a crise, na visão de Lula.
“E defendo a ideia de que os pobres nesse país, toda vez que está em crise, os pobres são a solução”, assegurou Lula.
O ex-presidente acredita que dar crédito à população mais carente estimularia o consumo e a produção. Novamente Lula parece alfinetar o governo Dilma, falando sobre a necessidade de se investir em infraestrutura.
“Basta que a gente permita que o pobre receba o crédito necessário para poder consumir alguma coisa, e que a gente faça investimentos necessários em infraestrutura, de que o Brasil tanto precisa. Isso não foi feito e a gente está pagando o preço por isso”, afirmou.
Mais crítica a Dilma
Em outro trecho da entrevista à BBC Lula disse que o país andava muito bem economicamente até 2014, ano da reeleição de Dilma, quando ela “de repente” teria se dado conta de algo.
“A presidenta se deu conta de que o Orçamento tinha diminuído porque ela fez R$ 500 bilhões de desoneração, ou seja, para manter a economia crescendo”, disse Lula. “De repente, a presidenta demorou ou não percebeu que estava entrando menos dinheiro no caixa e ela foi obrigada a fazer uma proposta de ajuste”, afirmou.
O ex-presidente petista também citou o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha como fomentador da crise ao não votar as propostas de ajuste fiscal enviadas por Dilma. Com o aumento dos gastos e do rombo nas contas do governo, “foi-se perdendo a confiança. Os empresários não investiam, o Estado perdeu capacidade de investimento e nós chegamos a isso”, explana Lula.
Por fim, Lula acredita que a solução para o Brasil é resgatar a “credibilidade” e a confiança do brasileiro no próprio País por meio da política. “Quando você tem uma crise no país, a política existe para isso. O problema não é técnico. Se fosse técnico, eu iria na melhor universidade da Inglaterra, nos EUA ou na Alemanha, pegaria os dez melhores economistas do mundo e colocaria aqui. Mas não vai acontecer, sabe por que? Porque a decisão é política”
2018?
Questionado sobre sua popularidade para as eleições presidenciais de 2018, Lula já discursa como candidato, embora nunca assuma com certeza a eventual participação no pleito.
Lula entende que “o PT continua sendo o partido de maior credibilidade eleitoral mesmo depois de sete anos de massacre”. ele ainda acredita que o partido não deve pedir desculpas por sua participação nos escândalos de corrupção revelados recentemente.
“Na hora que a gente começar a debater neste país, que a gente começar a mostrar o que o PT fez nesse país, da diferença do governo do PT com os governos do passado, eu tenho certeza que o povo vai se lembrar que o que o PT trouxe em 12 anos de benefício para esse povo – com educação, saúde, trabalho, politica agrícola – eles não fizeram em 200 anos”, discursou o ex-presidente durante a entrevista.
“A nossa briga agora é para não permitir que os trabalhadores percam aquilo que conquistaram nos bons períodos do país. Aumento de salário, programas sociais que não permitiram que a miséria voltass”, defendeu Lula.
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