Lula critica lei da terceirização por impulsionar “mão de obra quase escrava”
São Paulo, 14 abr (EFE).- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a classe trabalhadora não pode permitir a aprovação do projeto de lei que revê os critérios da terceirização no país para evitar que “as empresas passem a utilizar mão de obra quase escrava como no século passado”.
Lula participou junto ao ator e ativista sindical americano Danny Glover do 9º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), onde disse que a luta contra esse projeto é “uma questão de honra” para a classe trabalhadora.
A Câmara dos Deputados aprovou na semana passada o texto-base de uma lei que amplia para todos os setores da economia a terceirização do emprego, autorizando as empresas a contratarem prestadores de serviço, inclusive, para desenvolver suas atividades-fim.
Uma emenda aprovada nesta terça-feira pelos deputados, no entanto, proibiu que as empresas públicas e as sociedades de economia mista, como a Petrobrás, possam contratar terceirizadas em atividade-fim.
Até então, a terceirização é autorizada apenas para atividades não específicas das empresas contratantes, como serviços de limpeza, transporte e segurança.
“A conquista dos direitos trabalhistas foi conseguida com muita luta. Com certeza algum deputado não deve saber disso”, disse Lula, defendendo uma discussão ampla sobre o projeto de lei, algo também já proposto pela presidente Dilma Rousseff.
“Evitar a aprovação do projeto de lei é exigir que o Congresso respeite as conquistas históricas da nossa classe trabalhadora”, ressaltou o ex-presidente.
Lula também falou sobre o escândalo de corrupção na Petrobras, com o envolvimento de vários políticos, a maior parte da base aliada, e pediu que o PT pare de ser “criminalizado”.
“Perguntem a qualquer promotor se houve algum outro momento da história em que se criaram tantos instrumentos de investigação e luta contra a corrupção como nos 12 anos de governo do PT”, afirmou o ex-presidente.
“Vamos investigar de verdade as finanças de cada partido político e tentar de tentar criminalizar o PT, que não é formado por um ou dois deputados, mas tem muitos milhões de pessoas”, defendeu.
Glover também criticou a terceirização, se referiu a Lula como “herói” e pediu ao movimento sindical para não esquecer “o tema racial para poder curar as cicatrizes do povo afrodescendente”. EFE
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