Macri toma posse na Argentina, afineta Cristina e pede unidade no continente
A conturbada transmissão de cargo na Casa Rosada representa a ruptura política pela qual a Argentina vai passar. O novo líder Maurício Macri recebeu a faixa e o bastão presidencial das mãos de um presidente interino, porque Cristina Kirchner se recusou a participar da posse.
A divergência em relação ao local da cerimônia é apenas uma entre tantas que existem entre o conservador e os kirchneristas, que estavam no poder desde 2003.
No discurso de posse, que ocorreu por volta das 13h no horário de Brasília, Macri reconheceu que os desafios serão enormer e pediu a confiança de todos os argentinos em seu trabalho. “Os problemas não vamos poder resolver de um dia para outro”, reconheceu Macri. “Conto com vocês para governar. Necessito do seu acordo”, afirmou o novo presidente.
Macri fez uma insinuação sutil com relação a sua antecessora, que durante a administração enfrentou acusações de ter alterado índices de pobreza, desemprego e inflação. “A política não um é cenário para que alguns líderes mintam para enganar as pessoas com números falsos. Esconder e mentir sobre nossa realidade é uma prática que nos fez muito dano”, disse Macri.
Sobre a liberdade da justiça, ele defendeu a celeridade nos julgamentos e pediu isenção ideológica aos magistrados.
“Nesses anos, um baluarte da democracia impediu que o país caísse em um autoritarismo irreversível”, disse o presidente. “Não existe justiça nem democracia sem justiça independente. Mas a Justiça tem que acompanhar um processo em que se limpe os vícios políticos. Não pode haver juízes militantes de nenhum partido”, afirmou.
Cortejo acompanha cerimônia de posse de Macri (EFE)
“Unidade”
Falando a outros líderes sul-americanos, Macri pediu unidade ao continente e declarou que espera colaboração dos países vizinhos. Estiveram presentes na posse de Macri os principais líderes da América do Sul, inclusive Dilma Rousseff.
Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa, ex-aliados de Cristina Kirchner e que têm visão oposta à de Macri, estiveram no evento. Michele Bachelet, do Chile, Tabaré Vázquez, do Uruguai e Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia e aliado de Macri, também compareceram.
O empresário de 56 anos que foi eleito em novembro participou de um cortejo até o Congresso, onde chegou por volta de 12h30. A cerimônia de posse começou minutos depois.
Macri e a vice-presidente, Marta Gabriela Michetti, fizeram um juramento perante à Assembleia Legislativa, reunião das duas Câmaras do Congresso, como estabelece a Constituição argentina. Ele chegou ao congresso acompanhado de sua terceira esposa, Juliana Awada, e pela filha Antonia, de apenas 4 anos.
Brasil
Falando ao repórter JP Tiago Muniz, o ministro do desenvolvimento Armando Monteiro Neto disse esperar um comércio mais fluido entre Brasil e Argentina. Veja mais detalhes aqui.
Mesmo com a proximidade política com Cristina Kirchner, o governo brasileiro reclama de medidas que travaram as trocas entre os dois países.
Maurício Macri, eleito no fim de novembro, cumpriu a promessa de campanha e visitou a presidente Dilma Rousseff em Brasília antes da posse, na última sexta-feira, em Brasília.
Com informações de Victor LaRegina
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