Macron e Putin se reúnem em momento de maior distância entre Europa e EUA

  • Por Estadão Conteúdo
  • 29/05/2017 10h54
EFE Macron se encontra com Putin - EFE

O presidente da França, Emmanuel Macron, se reúne nesta segunda-feira com o da Rússia, Vladimir Putin. A dupla tem na pauta uma série de desafios políticos para os líderes europeus, em um momento de mais diferenças entre a Europa e os Estados Unidos. O recém eleito líder francês recebe Putin no Palácio de Versalhes para celebrar os 300 anos da diplomacia bilateral, que começou sob o czar russo, Pedro, o Grande.

Mas a reunião ocorre também em um contexto crescentemente frágil para as relações entre EUA e Europa. Na semana passada, o presidente americano, Donald Trump, não reafirmou o princípio da defesa mútua no coração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Isso levou a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, a dizer no fim de semana que é hora de “realmente tomar nosso destino em nossas próprias mãos”.

Qualquer fissura na aliança da Otan dá a Putin uma oportunidade para explorar as divergências entre os aliados dos EUA em uma série de frentes políticas. Assessor de política externa do Kremlin, Yury Ushakov disse que a viagem de Putin à França “dá oportunidade para uma troca de visões franca e confidencial em uma grande variedade de temas”, segundo a agência de notícias Interfax.

A Europa tem muitas vezes dificuldades para mostrar unidade em questões como defesa e política externa. Além disso, o Reino Unido está no processo de saída da União Europeia, o chamado Brexit. Com isso, a França será a única nação do bloco com arsenal nuclear e uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – a Rússia também possui armas nucleares e uma cadeira permanente no órgão.

Macron deve apoiar Merkel em questões polêmicas, como a manutenção de sanções da UE contra a Rússia por sua anexação da Crimeia. Ainda assim, o novo presidentes francês é pressionado para reparar as relações com os russos em outras frentes.

Após os ataques terroristas de novembro de 2015 em Paris, o ex-presidente François Hollande sinalizou disposição para forjar uma aliança mais próxima com a Rússia na Síria. Mas nos meses seguintes a intervenção militar de Moscou para auxiliar o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, apenas elevou a tensão com Europa e EUA.

“Falar com a Rússia é indispensável, porque há uma série de problemas que não serão resolvidos sem discussões obrigatórias com os russos, particularmente na questão da Síria”, afirmou Macron durante reunião recente do G-7 na Itália.

A reunião Macron-Putin deve ser monitorada de perto, em busca de qualquer sinal sobre o ânimo pessoal dos dois líderes. Putin irritou a campanha presidencial ao receber a rival de Macron, Marine Le Pen, da Frente Nacional, durante visita à Rússia.

O encontro também inclui tensões, após alegações da campanha de Macron de que hackers apoiados pela Rússia interferiram na eleição presidencial da França. Um assessor do líder francês disse que ele esperava que o tema fosse tratado diretamente do Putin. A Rússia negou várias vezes qualquer interferência na eleição francesa. Fonte: Dow Jones Newswires.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.