Maduro instala forte esquema policial no bastião opositor de Caracas

  • Por Agencia EFE
  • 17/03/2014 21h23

Inés Guzmán.

Caracas, 17 mar (EFE).- O governo venezuelano instalou nesta segunda-feira um forte dispositivo policial no leste de Caracas em uma tentativa de pôr fim aos protestos violentos neste bastião opositor, enquanto no país uma nova jornada de protestos terminou com outro policial morto e uma convocação da oposição para uma nova passeata amanhã.

Os moradores do confortável município de Chacao viram como a Praça Altamira, epicentro dos protestos iniciados há mais de um mês por opositores ao governo, amanheceu tomada por agentes de corpos de segurança do Estado.

O ministro do Interior, Miguel Rodríguez Torres, defendeu a medida como necessária para recuperar “a normalidade” desta emblemática praça e de todo o município de Chacao.

“Todos os direitos de todos os cidadãos de Chacao estão plenamente garantidos; esta é uma operação de ordem cidadã, de segurança cidadã”, afirmou ao lado do prefeito do município, o opositor Ramón Muchacho.

Vários grupos da Polícia Nacional, Guarda Nacional e da polícia municipal se espalharam desde a praça até diferentes ruas, pelas quais transitavam grupos da denominada Guarda do Povo (uma subdivisão da GNB destinada à vigilância cidadã) em motos, segundo pôde constatar a Agência Efe.

No local também operavam várias brigadas do município vizinho Libertador (do Distrito Capital de Caracas) que estão recolhendo o lixo que alimenta as “guarimbas” (barricadas), com as quais o trânsito era interrompido em forma de protesto contra o governo de Nicolás Maduro.

Após a medida, grupos de pessoas se concentraram pacificamente na praça em rejeição ao esquema policial, sem que tenham sido registrados os incidentes vistos em dias prévios, quando se viveram atos de vandalismo e enfrentamentos entre os corpos policiais e os manifestantes.

O esquema foi instalado depois que Maduro disse que não permitiria que Chacao voltasse a ser ocupado por “violentos”.

Enquanto isso, o governo informou hoje sobre a morte de um capitão da GNB baleado durante os protestos em Maracay, capital do estado de Aragua, 100 quilômetros ao oeste de Caracas.

“Esta madrugada morreu em Aragua o capitão de nossa GNB, José Guillén (por um) tiro de bala na cabeça. Outra vítima da violência terrorista”, escreveu no Twitter o general Vladimir Padrino, chefe do Comando Estratégico Operacional (CEO) da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB).

Com esta morte já são 29 as pessoas que perderam a vida em fatos vinculados aos protestos iniciados no dia 12 de fevereiro contra o governo de Maduro, que os atribui a um plano de golpe de Estado.

O governador do estado de Aragua, Tareck el Aissami, disse que um cidadão de origem chinesa naturalizado, que rotulou de paramilitar e mercenário, foi detido como suspeito “da emboscada que sofreu o capitão” quando revistava uma barricada levantada ontem à noite por manifestantes que previamente fugiram do local.

A oposição questionou a Guarda Nacional por um suposto uso excessivo da força na hora de conter os protestos, que em alguns casos terminaram em incidentes de violência que deixaram mortos e feridos entre ativistas dos dois lados, alguns transeuntes e policiais.

Setores da oposição anunciaram hoje que se concentrarão amanhã perto de uma prisão militar nos arredores de Caracas quando se cumpre um mês da detenção do dirigente Leopoldo López.

O dirigente do partido Vontade Popular (VP), Freddy Guevara, declarou que López “dará uma mensagem muito clara à Venezuela das próximas ações e a rota de ação (…) para continuar a luta, para avançar para conquistar e para devolver os direitos dos venezuelanos”.

Maduro acusa os Estados Unidos de aprovar os protestos, mas no final de semana propôs que a Casa Branca nomeie um emissário para tratar junto a seu governo e da Unasul o caso venezuelano, uma proposta que o Departamento de Estado americano evitou responder, insistindo em que o “essencial” é uma mediação de uma terceira parte entre o Executivo e a oposição. EFE

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