Maduro pede que ministros venezuelanos se demitam e questiona a oposição

  • Por JP com EFE e ABr
  • 09/12/2015 12h41
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EFE/MIGUEL GUTIÉRREZ Nicolás Maduro logo após votar em eleições que deram aos chavistas grande derrota no Parlamento

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu aos seus ministros que se demitam, com o objetivo de fazer uma “reestruturação” do governo após a vitória da oposição nas eleições parlamentares de domingo (6).

“Eu pedi ao Conselho de Ministros que apresente a demissão, para que possa efetuar um processo de restruturação, de renovação e de profundo relançamento de todo o governo nacional”, disse Maduro nesta quarta durante programa semanal de rádio e televisão. “Isto é o que eu quero: um programa para a nova etapa da revolução, com revisão profunda, um começo”, disse o chefe de Estado venezuelano.

Após relembrar as derrotas nas urnas (veja mais detalhes abaixo), Maduro convocou as forças do chavismo para um diálogo.

“Este diálogo que convocamos deve ter como resultado um conjunto de decisões governamentais de renovação profunda e de batalha em questões-chave que irei anunciando, ativando. Peço todo o apoio da Venezuela inteira”, assinalou o presidente venezuelano.

“Não jogam limpo”

Além disso, Maduro afirmou que gostaria de dizer que também pede o apoio da oposição, mas sabe que os representantes desse grupo “não jogam limpo na Venezuela”. “Peço o apoio de todo o país, quero continuar com as missões, as grandes missões (programas sociais) (…), mas há uma dúvida: Será possível com a Assembleia Nacional nas mãos da direita? Deixo essa dúvida no meio do debate. Poderemos continuar com o modelo de inclusão social, de justiça, de felicidade e de socialismo?”, questionou o governante.

Após abrir esse “debate”, Maduro agradeceu “de antemão” a todos os ministros, mas não antecipou as mudanças que devem ser anunciadas nos próximos dias. “Ofereço meu reconhecimento a todos e todas, o meu abraço, de irmãos e vamos seguir na batalha”, concluiu o presidente da Venezuela.
Derrota eleitoral

Derrota eleitoral

Com a coligação da Mesa da Unidade Democrática (MUD), a oposição obteve, nas eleições de domingo, 112 dos 167 lugares que compõem o Parlamento venezuelano, uma maioria de dois terços que lhe confere amplos poderes.

Venezuelanos comemoram vitória da coalizão de oposição nas ruas de Caracas (EFE)

Nicolás Maduro, cujo mandato termina em 2019, convocou para amanhã (10) o seu partido, o Socialista Unido da Venezuela (PSUV), para um dia de consultas. A vitória da oposição nas eleições parlamentares, a primeira em 16 anos, marca uma virada histórica contra o chavismo, que detinha, até agora, a totalidade dos poderes.

O resultado eleitoral ocorre em momento de descontentamento popular devido à crise econômica no país, com a queda do preço do petróleo.

O secretário executivo da MUD, Jesus Torrealba, informou que os 112 deputados vão se reunir nesta quinta-feira para discutir o seu papel na futura assembleia, que será instalada em 5 de janeiro. A maioria de dois terços da oposição permite, por exemplo, convocar um referendo ou estabelecer uma assembleia onstituinte.

Além disso, a oposição “poderá reformular a composição do Tribunal Supremo que, nos últimos tempos, tomou decisões favoráveis ao governo”, explicou Carlos Malamud, especialista em América latina no Instituto Real Elcano de Madrid, segundo a agência France Presse.

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