Maduro reafirma que não teme possíveis sanções dos EUA
Nélida Fernández.
Caracas, 9 mai (EFE).- O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reafirmou nesta sexta-feira que não teme as ameaças de possíveis sanções por parte dos Estados Unidos, no encerramento de uma semana na qual não houve reunião para o diálogo entre governo e oposição e o clima de protestos reacendeu no país sul-americano.
Maduro disse hoje que as ameaças das “elites imperialistas” não lhe assustam, em referência à chamada “caravana pela liberdade” que centenas de venezuelanos que vivem nos EUA realizaram hoje para pedir que Washington sancione a Venezuela pela repressão violenta dos protestos no país.
“Não preciso responder as besteiras que fazem as elites imperialistas do norte, que eles fiquem com suas ameaças e besteiras. Que vão nos sancionar, estúpidos, isso é o que são, estúpidos, imponham suas sanções, o povo de Bolívar não será parado pelas sanções de nenhum império”, disse Maduro em um ato de governo.
O chefe de Estado comentou sobre o assunto na última terça-feira ao advertir que se os Estados Unidos decidissem por sanções contra a Venezuela, seu governo responderia “com firmeza”.
O Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta sexta-feira um projeto de lei bipartidário para impor sanções contra alguns funcionários do governo venezuelano, em resposta à atuação do Executivo de Maduro durante os protestos.
A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, também falou sobre o assunto hoje ao comentar que, caso ocorram sanções contra funcionários de seu país por parte dos EUA, terá que solicitar uma medida similar ao Parlamento venezuelano.
“Que insolência a dos Estados Unidos, não? Eu vou solicitar, se assim for, terei que solicitar à Assembleia Nacional venezuelana também, que sancione, sobretudo, quem fez essa proposta”, disse a procuradora-geral.
Enquanto isso, o processo de diálogo entre o governo de Maduro e a oposição não teve avanços nesta semana depois que a quarta reunião foi suspensa, mas a aliança de oposição Mesa de la Unidad Democrática (MUD, mesa da unidade democrática) acredita que o encontro poderá acontecer na próxima quarta-feira.
O presidente do partido Copei e um dos membros da comissão de oposição para o diálogo, Roberto Henríquez, disse à Agência Efe que a reunião acontecerá quando retornarem ao país os três chanceleres da União das Nações Sul-americanas (Unasul) que acompanharam o processo de conversas iniciado no dia 11 de abril.
Henríquez opinou que a presença dos chanceleres da Unasul “é o que dá a hierarquia internacional” ao processo que procura criar laços entre o governo e a oposição para superar a crise política pela qual o país atravessa.
“Se algo nos mantém na mesa de diálogo é precisamente a hierarquia dos mediadores internacionais que é a única coisa que nós acreditamos que poderia obrigar a um compromisso”, comentou.
Além disso, adiantou que a MUD levará para a próxima reunião o assunto referente aos atos repressivos contra os que se manifestam contra o governo, especialmente o ocorrido na madrugada da última quinta-feira, quando foram removidos vários acampamentos de estudantes.
Nesta sexta-feira, 190 pessoas detidas nesses acampamentos foram examinadas com um teste de orientação e avaliação psiquiátrica e, segundo a procuradora-geral, 49 pessoas tiveram resultados “positivos” em relação ao consumo de drogas.
A prisão dos jovens nos acampamentos geraram protestos em várias partes do país, especialmente no leste de Caracas e que hoje se repetiram nas imediações da Universidad Central de Venezuela (UCV).
Alguns grêmios estudantis e o partido de oposição Voluntad Popular (VP, vontade popular) convocaram para este sábado uma nova marcha para pedir a libertação dos detidos e reivindicar o direito ao protesto.
De acordo com dados da Promotoria oferecidos na sexta-feira, as manifestações antigovernamentais que se desenvolveram no país desde 12 de fevereiro deixaram 42 mortos e 817 feridos. EFE
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