Mais de 100 mil crianças refugiadas chegaram à UE em 2015
Genebra, 11 set (EFE).- Um quarta parte de todos os solicitantes de asilo que chegaram à Europa neste ano, mais de 100 mil, é menor de idade, segundo denunciou nesta sexta-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Nos primeiros seis meses deste ano, 106 mil crianças solicitaram asilo na União Europeia, a maioria deles da Síria, Iraque e Afeganistão, um aumento de pelo menos 75% com relação a 2014, indicou o Unicef.
“Todas estas crianças, que já sofreram o inimaginável, têm o direito à proteção e à dignidade, por isso que a União Europeia deve atuar o mais rápido possível”, disse em uma teleconferência desde Nova York o diretor regional do Unicef no Oriente Médio, Peter Salama.
Salama lembrou que, apesar do número de quase 400 mil pessoas que chegaram à Europa este ano ser considerável, “representa dez vezes menos das que atualmente acolhem os países limítrofes com a Síria”.
O funcionário internacional lembrou que a Síria está a ponto de se transformar “em um Estado fracassado” onde a sobrevivência é quase impossível, por isso que se surpreendeu que ainda haja quem questione porque as pessoas que vivem ali querem fugir e abandonar o conflito.
De fato, segundo a apuração do Unicef, desde que começou o conflito na Síria, há meia década, foram registrados 10 mil menores não acompanhados que cruzaram a fronteira de seu país, embora a agência tenha consciência de que o número real é muito maior.
“As crianças não acompanhadas são as mais vulneráveis de todos os refugiados, já que por si são extremamente vulneráveis. É preciso estabelecer um programa para identificá-los e inclui-los em um plano de reunificação familiar imediatamente”, indicou Salama.
O Unicef lembrou que as crianças são especialmente vulneráveis aos traficantes de pessoas e estão expostos a altos níveis de violência e abuso durante o trajeto.
Salama ressaltou que há 12 milhões de pessoas dentro da Síria que necessitam de ajuda internacional para sobreviver, dos quais oito milhões são deslocados internos.
Foi constatado que diferentes grupos de combatentes recrutam crianças de até 8 anos, e “há dois milhões de crianças que não podem ir à escola, e das poucas que conseguem, 20% têm que atravessar uma linha de combate ativa”.
“Viver na Síria é viver no inferno”, sentenciou o especialista.
Perante esta realidade, Salama opinou que muitos mais deslocados internos tentarão buscar o refúgio que merecem em outros países.
O diretor regional do Unicef lembrou que a maioria dos que chegaram à Europa nas últimas semanas procedia diretamente da Síria, não dos países limítrofes, mas advertiu que dado que a situação também se agrava na região por causa, entre outras coisas, do corte nos serviços oferecidos pela falta de fundos, outros muitos decidirão partir. EFE
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