Mais de 1.600 vítimas do conflito colombiano participarão de foros de paz

  • Por Agencia EFE
  • 01/07/2014 21h17

Bogotá, 1 jul (EFE).- Mais de 1.600 vítimas do conflito armado colombiano participarão dos foros de paz convocados pela ONU e pela Universidade Nacional para expor suas propostas, que depois serão enviadas aos negociadores do governo e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em Cuba, informaram fontes da organização nesta terça-feira.

Os encontros acontecerão em alguns dos pontos mais conflituosos do país, onde durante 50 anos de conflito armado se reuniram um grande número de vítimas, a maioria civis.

O primeiro acontecerá na sexta e o segundo no sábado em Villavicencio, capital do departamento de Meta, e o outro em 10 e 11 de julho em Barrancabermeja, às margens do rio Magdalena, um dos locais onde o conflito deixou mais vítimas.

Entre 17 e 18 de julho acontecerá o terceiro fórum regional em Barranquilla, que terá a participação das vítimas da região do Caribe, e o encerramento será em Cali, no sudoeste, entre os dias 3 e 5 de agosto, quando acontecerá o grande Fórum Nacional de onde sairão as conclusões que serão discutidas em Havana no início de setembro.

Em entrevista coletiva realizada hoje em Bogotá, o diretor do Centro de Pensamento e Acompanhamento do Processo de Paz da Universidade Nacional e organizador com a ONU dos foros, Alejo Vargas, disse que pelo menos 1.600 vítimas diretas do conflito participarão das reuniões nessas cidades colombianas.

“Buscaremos dar prioridade às vítimas diretas, seja da guerrilha, seja de agentes de Estado ou paramilitares”, disse Vargas, ao explicar que não só foram levadas em conta as vítimas posteriores a 1985, como especifica a Lei de Vítimas de 2011, mas todos os afetados nos 50 anos do conflito.

Com essa decisão a polêmica sobre desde quando se consideram as vítimas do conflito foi minimizada, e Vargas argumentou que neste caso “o olhar é mais amplo”.

“A metodologia para convidar as vítimas se baseou nos diferentes tipos vitimizantes, a tipologia do dano e a modalidade de violência”, ressaltou o especialista em temas de paz.

Além das vítimas, representantes de diferentes setores sociais, como organizações empresariais, movimentos camponeses, indígenas, afrodescendentes e até sindicatos, partidos políticos, igrejas, jovens e ambientalistas participarão dos foros.

Os organizadores querem que a metade dos participantes sejam mulheres.

No Fórum Nacional de Cali estarão, além das vítimas, especialistas e afetados por outros conflitos internacionais, como da Irlanda do Norte, Ruanda e Oriente Médio, afirmou Vargas.

Os resultados destes foros serão apresentados na mesa de negociação de Havana no começo de setembro para que governo e guerrilha os tomem como referência nesta etapa da negociação de paz.

A negociação em Cuba sobre as vítimas do conflito é o quarto ponto da agenda. Já foram discutidos o problema da terra, da participação política e das drogas ilícitas.

Durante a negociação desses três primeiros pontos a ONU e a Universidade Nacional organizaram foros semelhantes para contribuir com os negociadores.

O diálogo de Havana começou em novembro de 2012 e, assim que for conseguido um acordo geral, será submetido à consulta popular na Colômbia.

Segundo o Centro de Memória Histórica, o conflito armado colombiano deixou 220 mil mortos, 25.007 desaparecidos, 5,7 milhões de deslocados, 27.023 sequestrados, 1.754 vítimas de violência sexual e 6.421 casos de recrutamento forçado, além de 1.982 massacres. EFE

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