Mais de 225 mil imigrantes chegaram à Europa este ano pelo Mediterrâneo

  • Por EFE
  • 07/08/2015 07h40
Imigrantes celebram chegada ao porto de Tarifa EFE Imigrantes celebram chegada ao porto de Tarifa

Mais de 225.000 imigrantes e refugiados chegaram este ano à Europa pelo Mediterrâneo, dos quais mais da metade, cerca de 124 mil, desembarcaram na Grécia, principalmente nas ilhas de Lesvos, Kos, Quios, Samos e Leros.

Os desembarques na Grécia aumentaram 750% entre 1º de janeiro e o dia 31 de julho, com relação ao mesmo período do ano passado, informou nesta sexta-feira a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Só em julho foram reportadas 50 mil chegadas à Grécia, o que significou 20 mil mais que no mês anterior.

O organismo humanitário da ONU qualificou de “caóticas” as condições de recepção dos que chegam diariamente ao litoral grego e dos quais a grande maioria são sírios (63%, no ano).

Sua procedência, de um país imerso há quatro anos em uma guerra civil, não deixa dúvida de que se trata de refugiados, com direito a uma proteção internacional.

Afeganistão e Iraque – que também sofrem com conflitos armados – são os outros dois países de onde vem o maior número de refugiados que chegam à Grécia.

Ao mesmo tempo em que comunicou estas novas estatísticas, o Acnur revelou que a Grécia não oferece nem as mais mínimas condições de recepção requeridas para estas vítimas de conflitos e perseguição.

“Há um caos total nas ilhas gregas, não há lugares de acolhida. Pedimos ao governo da Grécia que assuma a liderança e coordenação da resposta a esta emergência”, disse em entrevista coletiva o diretor para a Europa do Acnur, Vincent Cohetel.

“Temos consciência das limitações do governo grego, mas lhe pedimos que consiga lugares para os refugiados. Há muitos quartéis militares sem utilização ou terras não cultivadas… Qualquer coisa é melhor que nada”, declarou.

Cohetel sustentou que, além da falta de recursos na Grécia, é ainda mais preocupante que “ninguém lidere a resposta a esta crise, o que torna mais difícil para os operadores humanitários participar do esforço”.

Ele mencionou o caso da ilha de Kos, onde diariamente desembarcam mil imigrantes, que permanecem ali de três a quatro dias antes de serem levados para o continente, para o que devem adquirir com seus próprios meios uma passagem de ferryboat.

Isto faz com que haja entre 3.000 e 4.000 pessoas que precisam de assistência vital nessa ilha, mas que não têm um lugar onde se abrigar e as organizações de ajuda possam lhes prestar auxílio.

Poucas ilhas têm espaços para receber imigrantes e todos os que existem são pequenos, estão repletos “e parecem mais centros de recepção que de amparada”, comentou o representante do Acnur.

Os desafios não se limitam às ilhas gregas às quais chegam os refugiados, mas se estende a outras partes do país, incluindo Atenas.

Um caso que ilustra a precariedade da situação na capital grega é o de 500 imigrantes – principalmente famílias afegãs com crianças muito pequenas – que vivem em um estacionamento.

“Distribuir comida ao povo em plena rua… Sem que haja pelo menos um sistema de recolhimento de resíduos não representa, em absoluto, condições de recepção apropriadas e torna mais difícil nosso trabalho”, explicou Cohetel.

O responsável disse que em 30 anos trabalhando com o Acnur, durante os quais foi testemunha de várias crises de refugiados na África e Ásia, nunca viu uma situação tão dramática como a que aconteceu nas ilhas gregas, que visitou recentemente.

“Isto é a União Europa e é totalmente vergonhoso”, enfatizou.

Considerou que é fundamental que a “União Europeia reaja imediatamente a esta emergência de refugiados, que assuma a liderança, com muito mais recursos financeiros e assistência técnica da qual outorgaram até hoje”.

Opinou que a quota de 16 mil pessoas para o reassentamento de refugiados oferecidos pela União Europeia para os próximos dois anos “é pouco demais e tardio”.

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