Mais de 40 mil deslocados em Darfur por causa de novos confrontos, diz ONU

  • Por Agencia EFE
  • 04/03/2014 17h23

Cartum, 4 mar (EFE).- Mais de 40 mil pessoas se deslocaram de suas casas na conflituosa região de Darfur, no oeste do Sudão, após os novos choques entre forças do governo e rebeldes, informaram várias agências da ONU nesta terça-feira.

O chefe da missão da Organização Internacional de Migrações (OIM) no Sudão, Mario Leto Malanka, assinalou em comunicado que o organismo mantém cerca de 20 mil deslocados nos acampamentos de Kalema e Al Salam, perto de Nyala, capital do estado de Darfur do Sul.

Já o Programa Mundial de Alimentos da ONU afirmou ontem que cerca de 20 mil civis fugiram da aldeia de Sani Dalib, a cerca de 35 quilômetros de Nyala.

A missão conjunta das Nações Unidas e a União Africana em Darfur (UNAMID) indicou ontem que tinha recebido relatórios sobre a destruição e queima de aldeias e o deslocamento de muitos civis. E denunciou que as autoridades sudanesas não permitiram entrar nas áreas de conflito.

As forças sudanesas prometeram continuar com sua campanha militar para eliminar os rebeldes de Darfur.

O líder das chamadas tropas de Apoio Rápido, que fazem parte do aparelho de segurança, Abbas Abdelaziz, disseram que estão “achatando” os combatentes do Movimento Popular de Libertação do Sudão – Setor Norte (MPLS-SN).

O governador do Norte de Darfur, Ozman Kabir, disse hoje que os rebeldes continuam atacando localidades do estado e atacam a cidade de Al Tauish, onde se enfrentam com as forças sudanesas.

Por sua parte, os líderes dos três principais movimentos rebeldes em Darfur denunciaram em comunicado conjunto que a ofensiva militar das autoridades, iniciada na quinta-feira na região, acabou com a vida de 200 cidadãos, forçou o deslocamento de outros 20 mil e a queima de 40 aldeias.

O chefe do rebelde Movimento de Justiça e Igualdade (MJI), Yibril Ibrahim, e os líderes do Movimento de Libertação do Sudão Abdel Wahib Nour e Mani Arco Manaui agregaram na nota conjunta que um grande número de meninas foram estupradas e sequestradas pelas forças do governo e que dezenas de milhares de cabeças de gado foram saqueadas.

Consideraram, além disso, que a UNAMID fracassou em seus trabalhos e não tem “capacidade para proteger os civis”.

Os rebeldes pediram à ONU, à União Europeia e a União Africana que proporcionem ajuda imediata a aqueles que tiveram que fugir de suas casas e que comecem uma investigação “urgente e neutra” para descobrir a dimensão do ocorrido e levar seus responsáveis no Tribunal Penal Internacional.

O conflito de Darfur começou quando grupos insurgentes pegaram em armas no início de 2003 contra o regime de Cartum, em protesto pela pobreza e a marginalização sofrida pelos moradores da região.

O conflito entre movimentos rebeldes e o Exército sudanês deixou mais de 300 mil mortos e obrigou a mais de 2,7 milhões de pessoas a abandonar suas comunidades de origem, segundo os últimos dados da ONU.

A UNAMID foi para a região no início de 2008 e conta hoje com mais de 20 mil militares, além do pessoal civil. EFE

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