Mais de dois terços dos peruanos temem que país seja dominado pelo tráfico
Lima, 18 mai (EFE).- Pelo menos 70% dos peruanos considera que seu país enfrenta o risco de se transformar em um Estado dominado pelo narcotráfico, segundo uma pesquisa de opinião realizada pela empresa privada Ipsos-Peru.
A pesquisa, publicada nesta segunda-feira pelo jornal “El Comercio”, acrescenta que 67% dos consultados aponta que o problema do narcotráfico se acentuou durante o governo do atual presidente, Ollanta Humala, enquanto 43% acredita que este delito se generalizou nas organizações públicas.
Neste último aspecto, 35% acredita que os governos regionais estão envolvidos, 27% que chega a alguns membros dos municípios, 35% que se generalizou no Congresso e 40% no Poder Judiciário e na procuradoria, da mesma forma que 31% nas forças armadas e 41% na polícia nacional.
Ao referir-se aos partidos políticos, 35% afirma que o narcotráfico se infiltrou no Partido Aprista Peruano (PAP), do ex-presidente Alan García (1985-1990 e 2006-2011), 24% que só atinge alguns membros do partido fujimorista Força Popular e 23% que chega ao governante Partido Nacionalista.
O representante para o Equador e Peru no Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Delito (UNODC), Flavio Mirella, declarou, no entanto, que não acredita que o narcotráfico tenha se infiltrado em todos os níveis do aparelho estatal.
“No Peru não existe isso. Existem esforços em vários níveis contra o narcotráfico. Do que poderíamos falar é de uma necessidade de fortalecer o Estado de direito”, declarou Mirella ao “El Comercio”.
O representante acrescentou que, apesar de a maioria da população acreditar que este problema tenha aumentado durante leste governo, há um “esquecimento organizado” da presença do narcotráfico em governos anteriores.
O pesquisador Nicolás Zevallos, da Pontifícia Universidad Católica (PUCP), ressaltou que “é preciso sempre ter cuidado” com este tipo de dado e assegurou que o crime organizado não tem no Peru o nível de outros países, como no México.
“Desde os anos 80, o Peru tem um histórico de ingerência do narcotráfico na política. Não é algo novo. O que pode estar acontecendo é que a cobertura destes casos nos meios de comunicação afeta a percepção cidadã”, opinou.
Segundo relatório publicado no início deste mês pelo “El Comercio”, no Peru são produzidas anualmente 400 toneladas de cocaína pura e o narcotráfico movimenta US$ 6,5 bilhões, entre a comercialização dos narcóticos e o patrimônio adquirido com o dinheiro ilícito.
As autoridades peruanas erradicaram durante o ano passado 31.206 hectares ilegais de folha de coca em 2014, equivalentes a 240 toneladas métricas de cocaína, e este ano tem a meta de erradicar 35.000 hectares dos cultivos ilegais.
No último relatório até o momento da UNODC, de 2013, o Peru aparece como o primeiro produtor mundial de folha de coca, com uma superfície de 49.800 hectares cultivadas. EFE
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