Manifestação contra aborto reúne cerca de 3 mil pessoas no Chile

  • Por Agencia EFE
  • 26/05/2014 21h14
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Santiago do Chile, 26 mai (EFE).- Uma manifestação contra a descriminalização do aborto terapêutico reuniu nesta segunda-feira no Chile cerca de 3 mil pessoas em frente ao Palácio de la Moneda, sede do Executivo, liderada pela fundação Chile Siempre e parlamentares da direita.

Os presentes, todos com camisas coloridas, denunciaram uma eventual legalização do que consideram “a pena de morte daquele que ainda vai nascer”, depois que a presidente Michelle Bachelet anunciou essa iniciativa na última quarta-feira.

“Estamos participando desta mobilização e não só nos juntamos e solidarizamos, mas viemos para apoiar o trabalho que cumprimos no Parlamento, que tem a ver com a defesa da vida”, disse o deputado de oposição Gustavo Hasbún, em declarações ao site do jornal “El Mercurio”.

Hasbún participou da manifestação junto com Arturo Squella, Javier Macaya e Romilio Gutiérrez, todos parlamentares do partido conservador União Democrata Independente (UDI), e o senador do Renovação Nacional (RN), Francisco Chahuán.

Hasbún garantiu que a manifestação é para lembrar o governo de Bachelet que não vão aceitar “a legalização da pena de morte para as crianças que ainda vão nascer”.

A mobilização ocorre depois que a presidente anunciou no dia 21 de maio que vai promover um projeto de lei para descriminalizar o aborto em três situações: quando há risco de vida para mãe, em caso de estupro ou se o feto tem problemas congênitos e seu nascimento é inviável.

Este anúncio provocou diversas reações no mundo político e científico local.

No partido Amplitude, de centro-direita, um dissidência do RN, a senadora Lily Pérez opinou em uma entrevista à rádio “Cooperativa” que, em caso de risco de vida para a mãe e inviabilidade do feto, estariam de acordo com a descriminalização do aborto, já que consideram “que resguardar a vida da mãe não pode ser considerado aborto, porque não há um esforço intencional para prejudicar um terceiro”.

No entanto, no caso de estupro a discussão é mais “complexa”, segundo Lily, já que nesse caso “há diretamente uma decisão; já não se trata de resguardar a vida da mãe, nem de uma morte intrauterina, mas de uma decisão sobre uma pessoa que está em desenvolvimento e que não está apresentando nenhuma das características anteriores, que impeça que ela viva depois de nascer” ·

Por sua vez, o presidente do Colégio Médico do Chile, Enrique París, afirmou ser a favor de abrir a discussão sobre um projeto de interrupção da gravidez em casos específicos.

París disse à “Cooperativa” que não compartilha a visão dos setores que se opõem à iniciativa que busca descriminalizar o aborto para os casos de inviabilidade do feto, risco da vida da mãe e estupro.

“O Colégio Médico em seu Departamento de Ética não tomou uma decisão ainda, mas vai tomar. Eu acho que o que disse a presidente, que eu acho muito bom, é que é preciso abrir o debate”, declarou.

Segundo o titular dos médicos existem mais de 30 mil abortos clandestinos por ano e é necessário encontrar uma solução “que siga pelo caminho da educação”, disse. EFE

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