Mantega considera projeção do FMI para o Brasil pessimista

  • Por Agencia EFE
  • 07/10/2014 20h14
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Brasília, 7 out (EFE).- O ministro da Fazenda, Guido Mantega, qualificou de “um pouco pessimista” a projeção divulgada nesta terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para o crescimento da economia brasileira este ano, reduzida para 0,3% no relatório de “Perspectivas Econômicas Globais”.

O organismo, que já tinha reduzido de 1,8% em abril para 1,3% em julho a previsão de crescimento do Brasil em 2014, agora projeta uma expansão de apenas 0,3%, a menor para o país desde 2009.

“A previsão de 0,3% me parece um pouco pessimista por parte do Fundo. Daqui a um mês, quando tivermos a reunião do G20, eles podem alterar essas previsões. Vivemos em um mundo volátil”, afirmou Mantega em entrevista coletiva.

Ele admitiu que o Brasil registrou uma atividade econômica “muito débil” nos seis primeiros meses deste ano, mas confia que o crescimento do segundo semestre será muito superior.

Segundo os dados oficiais, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro se contraiu 0,6% no segundo trimestre em relação ao primeiro e acumulou dois trimestres consecutivos de crescimento negativo, o que os analistas consideram um estado de “recessão técnica”.

O governo, no entanto, sustenta que haverá uma ligeira recuperação no segundo semestre e que a economia fechará com uma expansão de 0,9%. O Banco Central, por sua vez, projeta um crescimento de 0,6% para 2014.

Em qualquer um dos casos, essas projeções indicam uma desaceleração econômica após a ligeira recuperação de 2013.

Depois de crescer 7,5% em 2010, o avanço da economia brasileira foi de 2,7% em 2011, de apenas 1% em 2012 e de 2,3% em 2013.

Apesar de ter sido considerada “pessimista” pelo ministro, a projeção do FMI para o crescimento brasileiro em 2014 é muito próxima à dos economistas do mercado financeiro, que preveem alta de apenas 0,24%.

Mantega atribuiu o mau desempenho da economia no primeiro semestre também à decisão do Banco Central (BC) de elevar as taxas de juros para os maiores níveis em três anos como ferramenta para combater a inflação.

E ressaltou que o governo adotou uma série de medidas para incentivar o crédito que começam a dar frutos e que podem dar um impulso à economia neste resto de ano.

“Temos vários indicadores que mostram que o crédito começou a se recuperar a partir da adoção de medidas como a redução do depósito compulsório bancário”, indicou.

Ele acrescentou que diferentes indicadores mostram recuperação a partir de julho e citou como exemplo o aumento de 13,7% nas vendas de veículos em setembro em relação a agosto.

Mantega se referiu às novas projeções do FMI em entrevista coletiva convocada pouco depois de se reunir com a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição no segundo turno que acontece no próximo dia 26, alvo de críticas pelo fraco desempenho da economia.

Segundo o ministro, o FMI se deixou influenciar pelo baixo crescimento em nível mundial, provocado pela lenta recuperação dos Estados Unidos e a ainda baixa aceleração na Europa.

“Das economias avançadas, apenas Estados Unidos e Reino Unido estão crescendo. Japão parou de crescer e a Alemanha está com dificuldades. Há pessoas que querem atribuir as dificuldades a problemas brasileiros, mas são problemas mundiais”, disse em referência às críticas dos partidos da oposição.

Mantega afirmou que o governo entregará a economia no final deste ano em uma situação sólida, com baixa dívida externa, elevadas reservas internacionais e desemprego em níveis mínimos.

“Ao contrário de outros países, temos parâmetros econômicos saudáveis. O nível de emprego está alto, o mercado consumidor intacto e a massa salarial em crescimento. É um privilégio do Brasil enquanto muitos países enfrentam desemprego e queda dos salários”, concluiu. EFE

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