Marina Silva destaca “atitude refratária” dos agentes públicos em relação à agenda ambiental do país

  • Por Jovem Pan
  • 05/06/2015 18h20
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BRASÍLIA, DF, 23.11.2014: MARINA-DF - A ex-senadora Marina Silva, acompanhada de membros da executiva nacional da Rede, durante coletiva para falar sobre as ações que serão desenvolvidas para regularizar a Rede como partido junto ao TSE e sobre o papel que o grupo irá ter como oposição ao governo Dilma. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress) Pedro Ladeira/Folhapress O porta-voz da Rede afirmou que Marina Silva continuará afiliada ao PSB

Ministra do Meio Ambiente entre janeiro de 2003 e maio de 2008 durante o Governo Lula, Marina Silva disse, em entrevista à Rádio Jovem Pan, que o país vive uma situação de muita preocupação em relação a agenda ambiental. “É uma contradição. Em um momento em que os país vive uma grave crise no suprimento de água em regiões populosas do país, a gente vê uma atitude de vacilo em relação a fazer o dever de casa”.

Segundo ela, o país antes teve avanços, mas retrocedeu por falta de incentivos e acompanhamento. “Todos os avanços que foram alcançados, hoje estão passando por um grande retrocesso. Principalmente em função do negligenciamento que foi feito em relação a alguns programas que vinham sendo implementados, como por exemplo a criação de unidades de conservação, que hoje tem um baixíssimo desempenho”, explicou.

“Há uma consciência que se amplia, em situações como essa de escassez, como por exemplo em São Paulo. Isso é motivo de celebração. Agora, contraditoriamente à essa ampliação de consciência e demanda da população por cuidados com recursos naturais, há uma atitude cada vez mais refratária por parte dos agentes públicos, porque a agenda ambiental não é uma agenda de curto prazo. Você tem que fazer políticas que tenham continuidade, aguardando resultados no decorrer do tempo e pensando nas gerações presentes e futuras”, clamou.

Ela destacou que é possível ter um país que gera empregos e produz riquezas, mas ao mesmo tempo, cuida do meio ambiente. “Há uma preocupação muito grande das pessoas em relação a como vamos fazer para que o Brasil deixe de ser um país “gigante pela própria natureza”, como diz o nosso hino, e passe a ser gigante pela natureza das decisões que tomarmos. Pela natureza dos compromissos e políticas que vamos ser capazes de implementar. Principalmente na mudança de modelo de desenvolvimento”.

Sem entrar nos méritos de governanças anteriores, Marina Silva afirmou que o desmatamento voltou a crescer, principalmente em função da invasão de terra pública. “Ou seja, hoje nós vivemos uma situação em que até mesmo aqueles ganhos que tinham sido alcançados nos governos anteriores estão sendo perdidos. Além de não se conseguir avançar em novas propostas e até mesmo o risco de termos mais retrocessos como aquele que tentaram fazer em relação a questão da demarcação das terras indígenas”.

Marina destacou que o Código Florestal, que completa três anos, não foi implementado e uma ferramenta que levaria ao “desmatamento zero” teve baixa implementação: o Cadastro Ambiental Rural. “Isso se deve a uma atitude errática feita por parte do Governo. A cada momento há oscilações em relação à mudanças na legislação, e aqueles que não querem cumprir com o pré-requisitos de responsabilidade social e ambiental ficam sempre pressionando ou protelando a implementação das medidas”, justificou.

Energia limpa

O potencial de energia limpa que o Brasil possui não está sendo bem utilizado, segundo ela. “Nós temos uma matriz energética, que vem perdendo essa pró-atividade de geração de energia limpa. Não temos um plano à altura deste potencial e o Brasil perde protagonismo para países com menos recursos, como é o caso da China, que é um dos maiores produtores de energia limpa do mundo”.

Marina Silva citou pesquisas que comprovam que o bagaço e a palha da cana de açucar possuem potencial de geração de energia equivalente e a três usinas de Belo Monte. “Deveríamos estar investindo pesado em energia solar”, acrescentou. O Brasil, segundo ela não chega nem perto da capacidade da Alemanha em produção de energia solar, que chega a representar cerca de 50% de contribuição na energia em horários de pico.

Falta de saneamento básico

No Brasil, mais de 80% da população não possui acesso a esgoto tratado. A incidência de doenças, principalmente nas crianças, acomete prejuízos para aprendizagem em cerca de 18% dos casos”, disse.

Para Marina, o tratamento de lixo ainda está muito aquém da capacidade de reúso e de reciclagem do lixo: “poucas cidades fazem a coleta seletiva”.

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