Mata Atlântica brasileira poderia ser preservada com apenas 0,01% do PIB

  • Por Agencia EFE
  • 28/08/2014 20h04

Washington, 28 ago (EFE).- O Brasil poderia conservar a riqueza florestal e a diversidade biológica da Mata Atlântica com menos de US$ 200 milhões, apenas 0,01% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme um estudo publicado nesta quinta-feira na revista “Science”.

A pesquisa foi liderada por Cristina Banks-Leite, do Departamento de Ciências da Vida do Imperial College de Londres, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e outras instituições brasileiras junto com as universidades de Minnesota e Toronto.

De acordo com o estudo, os cerrados ecológicos são uma boa estratégia na conservação da biodiversidade das regiões atingidas pela atividade humana, e que, frequentemente, as restrições financeiras dificultam a participação dos fazendeiros.

“A Mata Atlântica é menor e está muito mais degradada do que a Amazônia, mas também contém uma vasta gama de diversidade biológica”, disse a pesquisadora.

Segundo Cristina, essas florestas também são habitat crucial que abriga mais da metade de todas as espécies animais ameaçadas do país.

O Brasil já colocou em prática programas que pagam fazendeiros para preservar trechos de terra para a conservação florestal, ajudando no cuidado das espécies e mantendo os ecossistemas saudáveis. Mas os pesquisadores indicaram que essas “são iniciativas de nível local, com pouco impacto na manutenção e na melhoria das condições da Mata como um todo”.

Durante nove anos, mais de 100 pesquisadores liderados por Renata Pardini, Marianna Dixo e Jean-Paul Metzger, todos da USP, recolheram informações sobre pássaros, mamíferos e anfíbios em 79 regiões de floresta diferentes ao longo de 150 quilômetros.

De acordo com o artigo, os pesquisadores conseguiram dados sobre 25 mil espécies que compreendem 140 aves, 43 de mamíferos e 29 de anfíbios.

Os cientistas afirmaram que para manter os níveis atuais de diversidade biológica deveria ser preservado, pelo menos, 30% do habitat das espécies nativas. E este esforço teria um custo de US$198 milhões por ano, durante os três primeiros anos, uma despesa anual equivalente a 0,0092% do PIB brasileiro.

O estudo mostra que existe um nível claro na perda da biodiversidade com o desmatamento e, além desse limite, muitas das espécies não desaparecem apenas, mas também diminuem as funções que desempenham no meio ambiental, sendo que um grande número delas traz benefícios para os humanos.

O pagamento aos fazendeiros para que reservem alguns trechos de seus terrenos para o reflorestamento, junto com a conservação das faixas existentes seria suficiente para preservar a maior parte das espécies e muitos dos sistemas que derivam das florestas, como o controle de pragas e a polinização, explicou o artigo. EFE

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