Mau estado das infraestruturas põe em risco o turismo da Sicília
Laura Serrano-Conde.
Roma, 22 abr (EFE).- O mau estado de estradas e rodovias na Sicília, no sul da Itália, põe em risco o turismo na próxima temporada de verão, especialmente após a informação de que uma ponte de uma via fundamental da ilha terá que ser parcialmente demolida.
Trata-se da ponte Himera, na estrada A19 que conecta Palermo com Catânia, as duas maiores cidades situadas em lados opostos da ilha, que deve ser derrubada porque sofreu danos irreparáveis como consequência de um deslizamento de terra.
A importância desta estrada é porque ela atravessa o centro montanhoso da Sicília e conecta os extremos da região, permitindo o envio de mercadorias e alimentos.
Além disso, é uma das estradas mais transitadas pelos próprios sicilianos, mas também pelos turistas, pois por ela circulavam até agora ônibus repletos de estrangeiros.
“Estou preocupado pelo turismo, porque a maior parte é feita de ônibus. Os turistas chegavam de avião ou em cruzeiros a uma ou outra parte da Sicília e depois se movimentavam pelos 25 mil quilômetros quadrados que tem a ilha”, explicou à Agência Efe o assessor de Infraestruturas da Sicília, Giovanni Pizzo.
O desastre aconteceu quando um dos pilares que sustentam uma das duas pistas que formam esta ponte se movimentou por um deslizamento de terra e provocou o afundamento de parte da estrada, motivo pelo qual as autoridades locais tiveram que fechar um trecho desta via.
“Atualmente, o tráfego está sendo desviado para estradas locais e as moléstias são evidentes, os motoristas podem chegar a perder 40 minutos ou inclusive uma hora a mais do que demoravam antes”, assegurou à Efe o presidente da empresa nacional que administra a rede de estradas da Itália (ANAS), Pietro Ciucci.
Esta é, no entanto, uma solução temporária que não pode se prolongar no tempo, como também não é possível manter uma das duas pistas da ponte e reconstruir a outra, como reconheceu o ministro das Infraestruturas, Graziano Delrio.
Após a demolição, ocorrerá a reconstrução da ponte, um trabalho que pode demorar “entre 12 e 18 meses”, segundo o presidente da ANAS, e que terá uma despesa prevista de “30 milhões de euros”.
Será um período longo demais para aqueles que, a cada dia, atravessam esta estrada, por isso, durante este ano e meio os habitantes da Sicília poderão circular por um desvio cuja construção requereria “dois ou três meses” a partir de agora.
“Temos a intenção de construir este desvio antes do início da temporada de verão”, reconheceu Ciucci.
No entanto, a região da Sicília assinou um acordo com a companhia ferroviária Treintalia para “pôr à disposição do público 14 trens de alta velocidade que permitirão atravessar a ilha em duas horas e 50 minutos”, em palavras de Pizzo.
Até agora, o tempo médio para chegar de Palermo a Catânia e vice-versa de carro pela A19 era de duas horas e 42 minutos.
Para o prefeito de Catânia e presidente do Conselho Nacional da Associação Nacional de Municípios da Itália (ANCI), Enzo Bianco, “a Sicília ficou repartida em dois” com a interrupção da circulação nesta estrada e por isso “é necessário atuar com rapidez” para voltar a conectar as duas grandes cidades.
“É necessário se movimentar para encontrar soluções e continuar pedindo ao governo nacional que dê uma resposta imediata a este grave problema que, vendo a carência de infraestruturas que aflige a Sicília, corre o risco de causar um grande prejuízo a nossa economia”, apontou Bianco em declarações à Efe.
A demolição desta ponte é a enésima sofrida pelas vias da Sicília nos últimos dois anos.
Neste tempo, ocorreu o desmoronamento de uma parte do viaduto Verdura em uma estrada que conecta os municípios de Agrigento e Sciacca, no lado oeste da ilha.
Mas sem dúvida, o caso que mais críticas suscitou foi o do viaduto Scorciavacche na estrada Palermo-Agrigento, que foi inaugurado na véspera do Natal do ano passado e caiu apenas uma semana depois.
Neste contexto, o presidente da ANAS já comunicou ao ministro Delrio que renunciará em maio, após a aprovação do balanço econômico de 2014, embora Ciucci tenha insistido à Efe que sua decisão “não tem nada a ver” com estes “fatos negativos”. EFE
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