Mediadores pedem diálogo para encerrar crise em Burkina Fasso
Ouagadogou, 19 set (EFE).- Os mediadores da Comunidade Econômica de Estados da África (Cedeao) se reuniram com o líder golpista de Burkina Fasso, general Gilbert Diendéré, organizações da sociedade civil e políticos para pedir diálogo para encerrar a crise política no país de forma pacífica.
“Temos que criar uma dinâmica de reconciliação nacional, de perdão, e conter a violência antes de iniciar um plano de acordo com a comunidade internacional para acabar com a crise”, declarou o presidente do Senegal, Macky Sall, atual presidente rotativo da Cedeao.
Pelo menos seis pessoas morreram e dezenas ficaram feridas durante as manifestações contra esse novo golpe. Em outubro de 2014, os grandes protestos ocorridos no país conseguiram derrubar o então presidente, Blaise Compaoré, que ficou no poder durante 30 anos.
Sall e o presidente de Benin, Boni Yayi, também se reuniram com diplomatas dos Estados Unidos e da França, dois países que mantêm uma estreita colaboração antiterrorismo com Burkina Fasso e especialmente com o general Diendéré, aliado do Ocidente por suas conexões em toda a região.
“Há uma falta de diálogo entre os diferentes atores, o que afeta de forma negativa a unidade e a coesão do país”, acrescentou Sall, que não descartou uma reunião extraordinária da Cedeao por considerar a situação em Burkina Fasso como “extremamente séria”.
Conforme um grupo de deputados do parlamento de transição, há uma vontade de diálogo. No entanto, certos pontos são inegociáveis, como a libertação do primeiro-ministro, o militar Isaac Zida, e a realização de eleições na data inicialmente prevista.
Por sua vez, o presidente do parlamento, Moumina Cheriff Sy, que nos últimos dias se escondeu por motivos de segurança, incentivou seus apoiadores a organizar uma resistência contra a junta militar.
Tanto o conselho de transição como as organizações políticas pediram ao Regimento de Segurança Presidencial (RSP), a unidade de elite do Exército de Burkina Fasso liderada por Diendéré, que retorne aos quartéis e devolva o poder.
Na última quinta-feira, um grupo de militares da guarda presidencial dissolveu o governo e proclamou Diendéré, chefe do Estado-Maior durante o regime de Compaoré, como presidente do conselho golpista.
Os golpistas acusam a administração interina de “desestabilizar o país”, mas lamentaram, sobretudo, que “as medidas de exclusão” impostas para vetar a candidatura de pessoas ligadas a Compaoré.
O golpe de Estado, o sexto da história do país desde a independência da França, em 1960, truncou a transição democrática que estava ocorrendo em Burkina Fasso. EFE
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