Meimarakis, o líder “interino” que ressuscitou os conservadores gregos

  • Por Agencia EFE
  • 18/09/2015 17h40
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Yannis Chryssoverghis.

Atenas, 18 set (EFE).- Nomeado líder provisório do partido conservador Nova Democracia há apenas dois meses, Vangelis Meimarakis conseguiu neste curtíssimo espaço de tempo unir o partido e subir nas pesquisas, até o ponto que agora pode sonhar com a vitória nas eleições da Grécia do dia 20.

Durante sua trajetória no Nova Democracia, Meimarakis, de 61 anos, experimentou uma profunda metamorfose, que o levou de expoente da ala mais conservadora até o político moderado que é hoje.

Imediatamente após sua nomeação, Meimarakis, que no passado fez parte do setor mais tradicional do Nova Democracia, rompeu com a política direitista de seu antecessor, o ex-primeiro-ministro Antonis Samaras, e se voltou para a centro-direita.

Um de seus primeiros gestos visíveis foi adotar um discurso muito mais conciliador que o de seu antecessor em relação ao esquerdista Syriza, Alexis Tsipras, a quem Samaras nem sequer dava a mão.

Esta aproximação se traduziu em fatos reais quando Meimarakis e seu grupo parlamentar respaldaram o governo de Tsipras nas três votações necessárias para carimbar o terceiro resgate, um apoio que possibilitou a assinatura do programa de assistência, pois o primeiro-ministro tinha sofrido rebeliões em suas próprias fileiras.

Meimarakis aproveitou a cisão que o resgate provocou na esquerda para promover uma grande coalizão com o Syriza que, segundo sua opinião, é a única via para que o país saia da crise.

Embora o Syriza rejeite a grande coalizão, boa parte da população, farta de seis anos de confronto entre a esquerda e a direita pela crise, vê nela a esperança para voltar ao crescimento.

Meimarakis demonstrou o giro à política de Samaras no primeiro discurso perante o grupo parlamentar de seu partido, quando declarou que “o espaço político natural do Nova Democracia é a centro-direita, onde situou seu fundador, Konstantinos Karamanlis”.

Seu primeiro sucesso pessoal foi obter o respaldo unânime do grupo parlamentar para prolongar seu mandato provisório até a primavera de 2016, quando deve acontecer a eleição para presidente do Nova Democracia.

A estratégia seguida pelo novo presidente já rendeu os primeiros frutos, pois enquanto em julho as pesquisas mostravam o Nova Democracia mais de 20 pontos atrás do Syriza, agora conseguiu chegar perto de um empate, apesar de ainda estar atrás de seu resultado nas eleições de janeiro, um dos piores na história deste partido.

Seu discurso direto, sua linguagem popular – vulgar, na opinião de alguns -, contribuíram muito para a ressurreição do Nova Democracia.

Meimarakis conseguiu igualar a popularidade de seu rival Tsipras, que mesmo depois da assinatura do terceiro memorando gozava de uma aprovação superior a 60%.

Segundo algumas das pesquisas mais recentes, Meimarakis é agora mais popular que seu rival de esquerda.

Nascido em Atenas em 1953, o líder conservador estudou Direito na Universidade de Atenas e Ciências Políticas na Universidade Pandion, também na capital grega.

É filho do deputado conservador Ioannis Meimarakis e foi um dos primeiros militantes das juventudes de Nova Democracia em 1974, após a queda da Junta dos Coronéis.

Em março de 1979, enquanto o Nova Democracia realizava seu primeiro congresso e seu fundador, Konstantinos Karamanlis, então primeiro-ministro, preparava sua passagem para a presidência da República, Meimarakis foi um dos protagonistas de um movimento de críticos que exigiam a modernização do partido.

Desde 1989 é deputado do Nova Democracia e antes de ocupar a pasta da Defesa, de 2006 a 2009, foi vice-ministro de Esportes no governo conservador de Konstantinos Mitsotakis, de 1992 até 1993.

Após as eleições de junho 2012 foi eleito presidente do Parlamento, cargo que manteve até as eleições do último mês de janeiro. EFE

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