Mercadante admite impacto da Lava Jato na economia

  • Por Agência Câmara Notícias
  • 05/08/2015 17h27
Ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, durante entrevista coletiva em Brasília. 24/03/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino REUTERS/Ueslei Marcelino Ministro-chefe da Casa Civil

O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, admitiu nesta quarta-feira (5) o impacto da Operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga esquema de corrupção na Petrobras, na economia do País, especialmente na indústria naval. Citando estudos de três consultorias, Mercadante disse que o impacto é de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

“[Os estudos] estimam um impacto de pelo menos 1% do PIB, ou seja, alguma coisa em torno de R$ 6 bilhões [de redução]. Quarenta por cento disso são os cortes de investimento diretos da Petrobras e 60% são as grandes empresas ou da construção civil, que estão com dificuldade de crédito. Algumas entraram em recuperação judicial”, disse o ministro, após participar de audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, sobre a crise na indústria naval brasileira.

Segundo Mercadante, a Lava Jato, juntamente com a queda do preço do barril de petróleo no último ano, trouxe “prejuízos severos” para todo o setor de óleo e gás, inclusive para a indústria da construção naval, que sofre agora com a redução dos investimentos. O problema, disse ainda, não é só brasileiro, mas de empresas de todo o mundo, com queda média de 30% no volume de investimento.

Por outro lado, Aloizio Mercadante afirmou que o combate à corrupção traz benefícios para a Petrobras e para a sociedade. As perdas e multas foram estimadas até agora em R$ 570 milhões, a partir de colaborações premiadas, sendo que R$ 296 milhões já foram devolvidos à Petrobras, segundo o ministro. A meta é que R$ 6,2 bilhões sejam devolvidos.

Recuperação
Mercadante também disse enxergar, na crise, uma possibilidade de retomada do crescimento. Por estar o setor sujeito às oscilações do mercado capitalista, ele acredita na recuperação das empresas petrolíferas e da construção naval, mas pediu um esforço do Congresso Nacional para aperfeiçoar a Lei Anticorrupção e facilitar essa recuperação.

“Como é que o banco público vai financiar uma empresa cuja idoneidade está em questão? O Congresso tem de se debruçar sobre uma legislação que é nova, mas que não está definida”, defendeu. “Precisamos ter uma porta de saída para recuperar as empresas. Que elas indenizem a Petrobras e os gestores sejam punidos, mas que a gente preserve empresas que estão na indústria da construção civil, da construção pesada e, no caso, da indústria da construção naval.”

Ajuste fiscal
Para superar a crise, Mercadante recomendou ainda aos parlamentares, da base e da oposição, que observem o ajuste fiscal proposto pelo governo.

“Nós sairemos mais rápido da crise quanto mais comprometidos com a responsabilidade fiscal as lideranças deste país estiverem. Temos que ter muita responsabilidade fiscal no salário do funcionalismo, na previdência social, na recomposição de receita. É isso que vai reduzir inflação, baixar o custo do crédito, preservar investimento, emprego e a renda da população”, disse, em referência a propostas em análise no Congresso que aumentam gastos.

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