Merkel defende em Israel solução de dois Estados, e respalda Kerry

  • Por Agencia EFE
  • 24/02/2014 19h03

Jerusalém, 24 fev (EFE).- A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu a solução de dois Estados para dois povos como única solução ao conflito palestino-israelense, ao iniciar nesta segunda-feira uma visita de dois dias a Israel para comemorar o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre ambos os países.

Em um breve encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, com o qual tinha programado um jantar de trabalho para esta noite, a chanceler deu apoio aos esforços mediadores do secretário de Estado americano, John Kerry.

Segundo a edição digital do jornal “Yedioth Ahronoth”, Merkel disse ao seu anfitrião que espera falar com ele sobre o processo de paz porque “apóia o conceito” de dois Estados e quer “ver avanços”.

“Queremos ver progressos nessas negociações, e eu, pessoalmente, também o quero”, afirmou.

Merkel, que nos últimos dois anos teve várias brigas diplomáticas com o primeiro-ministro israelense, assegurou também no comparecimento, que aconteceu na residência de Netanyahu, que com a visita quer “mostrar a Israel que a amizade (da Alemanha) é real”, e ela quer “continuar mantendo”.

A chanceler também se referiu ao programa nuclear do Irã, uma das principais preocupações de Israel, e disse que “há muito que falar sobre o tema. Será uma noite interessante e espero a reunião de amanhã”.

Merkel aterrissou nesta tarde no Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, junto com uma delegação de 16 ministros para um encontro histórico, amanhã, com o Executivo israelense. Nessa reunião serão assinados diversos acordos de cooperação bilateral e de amizade.

Ontem, Merkel tinha dito que sua mensagem a Israel seria a que necessita “a solução de dois Estados o mais rápido possível, com um estado judeu de Israel e um estado para os palestinos”.

E em artigo opinativo publicado em “Yedioth Ahronoth”, o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, advertiu a Netanyahu a tomar “as decisões necessárias, embora sejam difíceis”.

A visita faz parte dos encontros anuais que os governos de Israel e Alemanha realizam desde 2009. Contudo, essa é a primeira vez que a reunião é feita com quase todos seus ministros.

Ambos os países lembram o 50º aniversário do estabelecimento das relações que na década de 60 pareciam impossíveis, porque a lembrança de seis milhões de judeus assassinados em campos de extermínio nazistas parecia insuperável. Hoje, a Alemanha é o segundo maior aliado de Israel no mundo, só atrás dos Estados Unidos, e seu principal apoio político e econômico no continente europeu.

As relações políticas só se viram alteradas nos últimos anos pelas críticas da Alemanha à colonização israelense dos territórios palestinos e aos atrasos na assinatura de um acordo de paz baseado na solução de dois Estados.

De acordo com a revista “Der Spiegel”, Merkel e Netanyahu terminaram mais de uma conversa telefônica “aos gritos” por estas divergências, que agora tratarão de dissipar com o cenário do aniversário.

Além do encontro entre os respectivos governos, um dos atos mais simbólicos será o prêmio que o presidente israelense, Shimon Peres, dará amanhã a Merkel por “seu inquebrantável compromisso com a segurança de Israel e a luta contra o anti-semitismo e o racismo”.

Nos últimos anos, Berlim financiou parcialmente e construiu para Israel quatro submarinos Dolphin. A entrega está prevista para ser feita em dois anos.

De acordo com Grisha Alroi-Arloser, presidente da Câmara Bilateral de Indústria e Comércio, a Alemanha é o terceiro maior parceiro comercial de Israel no mundo, e se opõe taxativamente a qualquer forma de boicote como medida de pressão no processo de paz.

Em paralelo ao encontro de Merkel e Netanyahu, os ministros alemães participarão nesta noite de um jantar coletivo com o titular israelense das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman.

“Estamos orgulhosos com o que os dois países conseguiram, até agora, em suas relações. Queremos continuar fortalecendo ainda mais no futuro”, afirmou ministro alemão Frank-Walter Steinmeier ao começar o encontro informal. EFE

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