Merkel ressalta responsabilidade da Europa com refugiados
Rodrigo Zuleta.
Berlim, 31 ago (EFE).- A chanceler alemã, Angela Merkel, ressaltou nesta segunda-feira a responsabilidade que a Europa e a Alemanha têm com os refugiados, criticou duramente os movimentos xenófobos e lembrou que a universalidade dos direitos humanos é um dos pilares da identidade europeia.
“A universalidade dos direitos humanos formou durante muito tempo parte da identidade da Europa. Se esse vínculo se romper, então a Europa já não será a mesma”, disse Merkel hoje em sua tradicional entrevista coletiva de verão, que foi centrada na crise dos refugiados.
Merkel evitou criticar diretamente a atitude de outros países europeus e se esquivou de uma pergunta ao respeito dizendo: “não faz sentido que comecemos a nos insultar entre nós publicamente”.
“É claro que isto não pode continuar assim”, acrescentou Merkel, para quem “quando um país deixa passar os refugiados sem registrá-los e outro constrói uma cerca, há algo que não funciona”.
Antes de começar a rodada de perguntas, Merkel fez uma declaração de quase 20 minutos e disse – lembrando os casos trágicos de refugiados mortos no caminho rumo à Europa – que a situação está assumindo dimensões de catástrofe.
Para a Alemanha, segundo a chanceler, há um desafio imediato que é receber da melhor maneira possível as 800 mil pessoas que devem chegar este ano ao país e melhorar os trâmites para as solicitações de asilo.
Merkel arremeteu contra os que organizaram manifestações e ataques na Alemanha a lares e abrigos de refugiados e disse que “não pode haver tolerância com quem põe em dúvida a dignidade de outras pessoas”.
“Tem que haver um claro distanciamento dos radicais. Nenhuma experiência biográfica ou histórica pode servir de desculpa para justificar certas atitudes”, disse a chanceler.
A própria Merkel, em sua recente visita de solidariedade a um centro de refugiados em Heidenau, no leste da Alemanha, foi recebida por alguns cidadãos com gritos de “traidora”.
Contra uma das pessoas que a insultaram foi aberto um processo por injúria e incitação ao ódio racial.
Merkel destacou com satisfação que também há pessoas que ajudam os refugiados e se opõem aos agitadores de extrema-direita, e pediu mais respaldo a eles.
A Alemanha, segundo a chanceler, se encontra diante de um grande desafio nacional que exige criar mais lugares de amparo para refugiados e a contratação de professores de alemão para ajudar na integração deles.
“A Alemanha é um país forte. Superamos muitos desafios e também podemos superar este”, disse.
O plano, que inclui ajudas aos estados federados e aos municípios que recebem os refugiados, terá um montante de mais de 10 bilhões de euros.
Além disso, Merkel se mostrou favorável a flexibilizar certas normas, para poder adequar mais rapidamente edifícios como abrigos.
“O rigor e a minuciosidade alemã são virtudes, mas agora precisamos de flexibilidade”, sugeriu.
No plano europeu, Merkel antecipou que a distribuição de refugiados por cotas entre os países da UE estará incluída no plano conjunto que Alemanha e França apresentarão aos outros países-membros nos próximos dias.
Segundo o plano, deverão ser criados centros de amparo europeus nos países de chegada de imigrantes e refugiados, administrados pela UE, onde será determinado quem têm perspectivas de ter o pedido de asilo aceito para depois distribuí-los segundo o sistema de cotas. EFE
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