Mesmo com vacina, diretora médica da Sanofi Pasteur alerta para controle do mosquito
A Anvisa autorizou nesta segunda-feira (28) o uso da primeira vacina contra a dengue, “Dengvaxia”, segundo informou a companhia farmacêutica francesa Sanofi Pasteur.
Em entrevista a Carolina Ercolin, a diretora médica da companhia, Sheila Homsani, afirmou que a confirmação do uso é uma “excelente notícia”, mas esclareceu que a vacina é eficaz apenas contra a dengue. “As pessoas não podem relaxar no controle do mosquito achando que estão protegidas. O mosquito também transmite o zika, chikungunya. O mosquito é muito competente”, alertou.
A vacina é resultado de mais de duas décadas de parceria científica e de 25 estudos clínicos realizados em 15 países do mundo. A diretora médica da Sanofi Pasteur detalhou a dosagem da vacina. “São três doses com intervalo de seis meses entre elas. A maioria das vacinas têm mais de um dose, como HPV, difteria, tétano e coqueluche. Mas as pessoas precisam lembrar que uma única dose não oferece uma proteção duradoura. A imunidade acaba caindo. Precisamos repetir as três doses para ficar vários anos protegidos”, disse.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária anunciou a autorização da primeira vacina para a doença, causada pelos quatro tipos de vírus do dengue em indivíduos com idades de entre nove a 45 anos que vivem em regiões endêmicas. “É onde estão 70% dos casos que o Brasil tem. A gente vai proteger um número bastante grande da população”, lembrou.
A vacina está prevista para chegar ao Brasil no primeiro semestre de 2016 e sua disponibilidade para clínicas agarda apenas a aprovação da Câmara de Medicamentos. Em relação ao calendário público, Sheila Homsani ressaltou que dependerá do Governo federal, tanto sobre a data, quanto sobre para quem a vacina será disponibilizada.
Vacina da Sanofi Pasteur x Vacina do Instituto Butantã
“São vacinas diferentes. A nossa é com uma tecnologia recombinante, com 20 anos de pesquisa, onde a base da vacina é o vírus da vacina da febre amarela, que tem mais de 70 anos de mercado. A nossa vacina completou todas as etapas necessárias para trazer uma vacina para qualquer país, que é a conclusão de três grandes fases de estudos químicos. Foram 40 mil participantes no total, cerca de 29 mil vacinados em 15 países diferentes. Foi o único que concluiu a fase 3”, disse.
Os testes da vacina contra a dengue, do Instituto Butantã, entram na terceira e última fase e a liberação poderá se dar em 2018. A autorização para o início da nova etapa de trabalhos foi dada pela Anvisa ao Instituto Butantan que fez o pedido em abril. No total, 17 mil voluntários devem participar do processo com divisão em três faixas etárias: 2 a 6 anos; 7 a 17, e 18 a 59 anos.
No entanto, Homsani reiterou: “são vacinas diferentes, a recombinação é diferente”.
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