Metalúrgicos do ABC ocupam Via Anchieta em defesa do emprego

  • Por Agência Brasil e Agência Estado
  • 01/06/2016 09h51
SP - PROTESTO METALÚRGICOS/SÃO BERNARDO - GERAL - Metalúrgicos do ABC fazem passeata na Rodovia Anchieta em São Bernardo do Campo (SP), na manhã desta quarta-feira (1). A mobilização é em defesa do emprego. Os manifestantes se concentraram em frente à Ford. 01/06/2016 - Foto: MARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO MARCOS BEZERRA/ESTADÃO CONTEÚDO Metalúrgicos do ABC fazem passeata na Rodovia Anchieta em São Bernardo do Campo (SP); manifestantes se concentraram em frente à Ford

Milhares de metalúrgicos da Mercedes-Benz e da Ford ocuparam na manhã desta quarta-feira, 1º de junho, a Via Anchieta, em São Bernardo do Campo, para pedir a renovação da adesão das duas montadoras ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE), do governo federal. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, as empresas já sinalizaram que não pretendem fazer a renovação e ameaçam realizar novas demissões para se adequar à queda na venda de veículos. “Se tiver demissão, faremos greve”, disse Marques aos manifestantes, que apoiaram a decisão.

Nessa terça (31), a Mercedes-Benz anunciou um plano de demissão voluntária (PDV) para seus empregados na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). De acordo com a montadora, o plano teve de ser colocado em prática devido à forte queda nas vendas de veículos comerciais registrada nos últimos meses.

Os empregados poderão aderir ao PDV de hoje a 8 de julho. A indenização, de acordo com a Mercedes, não pode exceder R$ 115 mil. Não há limite na quantidade de funcionários que poderão participar do plano. A empresa disse esperar, com o PDV, diminuir o “excedente” de empregados que, segundo a montadora, é de mais de 2 mil empregados. A fábrica de São Bernado está atualmente com 1,8 mil empregados em licença remunerada, sem prazo determinado para voltar a trabalhar.

PPE

As empresas que aderem ao PPE podem reduzir a jornada e os salários dos funcionários em até 30%, com metade da perda salarial sendo compensada pelo governo, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Lançado em julho do ano passado e aberto a qualquer segmento, o programa atraiu principalmente a adesão de montadoras, como a Mercedes-Benz e a Ford.

A adesão da Mercedes-Benz, que inclui cerca de 7 mil trabalhadores, expirou ontem e o presidente da montadora, Phillipp Schiemer, já disse que a renovação parece “impossível”, em razão da piora do mercado. Com isso, cerca de 500 funcionários foram colocados em licença remunerada e um Programa de Demissão Voluntária (PDV) foi aberto neste mês. Na Ford, a adesão inclui cerca de 4 mil trabalhadores e vai até 30 de junho, mas, segundo Marques, a empresa tem resistido à renovação

“Não dá para aceitar o posicionamento das duas empresas. Nós lutamos pela criação do PPE no ano passado e, quando tivemos os primeiros acordos, isso trouxe tranquilidade. Hoje, no ABC, temos 23 mil trabalhadores no PPE. O programa é a solução para o momento da economia, que não dá sinais de reação, para que, quando a situação volte ao normal, o emprego seja renovado” disse o sindicalista, acrescentando que a Volkswagen também tem ameaçado demitir.

De acordo com o presidente do sindicato, de 8 mil a 9 mil trabalhadores ocupam a Via Anchieta, que foi bloqueada pela Polícia Militar. No início, os funcionários da Ford decidiram em votação que não trabalhariam hoje, em protesto pela renovação do PPE. Além disso, a Scania realizou um ato em frente à fabrica, mas não se juntou aos metalúrgicos da Mercedes-Benz e da Ford.

Marques disse também que os trabalhadores aproveitam para protestar contra a reforma trabalhista e a reforma da Previdência, que fazem parte da agenda econômica do presidente da República em exercício, Michel Temer. Pedem ainda que o governo lance um programa de renovação da frota de veículos do Brasil, com o objetivo de estimular a demanda é elevar a produção das montadoras.

A venda de veículos no Brasil caminha para terminar mais um ano em queda, depois de um recuo de 26,5% em 2015, o maior tombo do setor em 27 anos. A piora do mercado tem resultado em queda da produção e demissões na indústria automotiva. Nos últimos 12 meses, as montadoras fecharam 11,2 mil vagas de emprego.

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