México aposta em replantio após perder 50% da safra por ferrugem do café
Cidade do México, 3 jul (EFE).- O México sofre há pelo menos cinco anos com uma mutação do fungo da ferrugem do café, que prejudicou cerca de 50% da safra e tem sido combatida por meio da renovação dos cafezais com plantas resistentes à nova praga, explicaram nesta sexta-feira fontes oficiais.
“Entre 40% e 50% da produção foi afetada se comparado com o que produzíamos antes, sobretudo nos estados de Chiapas, Veracruz, Puebla e Oaxaca (centro e sul do país)”, explicou o titular da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação (Sagarpa), Enrique Martínez.
Na abertura da Convenção Internacional do Café, iniciada hoje e que segue até domingo na Cidade do México, Martínez destacou o “forte impacto” da ferrugem do café nas zonas mais pobres do país. A Sagarpa está combatendo a praga e a “deterioração econômica” com produtos agroquímicos e a introdução de plantas resistentes.
Já são mais de 38 milhões de cafeeiros tolerantes à doença, o que já permitiu a renovação de 75 mil hectares de lavouras de uma meta de 250 mil hectares previstas para 2018.
Junto a isso, 400 técnicos se encarregam de supervisionar os cafezais equipados com material específico para analisar e enfrentar os desafios fitossanitários, acrescentou o titular da Sagarpa.
México é o nono produtor mundial de café e exporta 62% do total colhido a 45 países, arrecadando cerca de US$ 900 milhões anuais.
A agressiva praga se deve à mudança climática que causa variabilidade de temperaturas, além do fato de 60% dos cafezais serem velhos, o que os transforma em “presas fáceis” para a ferrugem do café, explicou o presidente do Comitê Nacional Sistema Produto Café, Cruz José Arguello.
Para ele, a renovação das lavouras impulsionada pelo governo “traz esperança” aos cafeicultores, apesar das críticas sobre a falta de mais recursos ao setor, mesmo com a evolução recente.
Por isso, Arguello indicou que os produtores estão buscando financiamento em vários órgãos, como o Banco Mundial ou para o Banco Nacional Financeiro (Nafin).
No entanto, até a recuperação completa da safra, que só deve ocorrer daqui 4 ou 5 anos, o presidente do comitê sofrem de uma “crise econômica real”.
A indústria do café gera cerca de 3 milhões de empregos no país e calcula-se que há 500 mil produtores – 70% deles indígenas. Trata-se de comunidades pobres, onde cada grão conta, destacou Eymar Velázquez, membro de uma cooperativa de Chiapas.
“Eles só vivem do café, não têm outros produtos alternativos”, indica Velázquez, acrescentando que a ferrugem afetou 3 mil famílias produtoras em sua cooperativa, causando perda de 65% da safra.
Esses e outros temas sobre a indústria do café estão sendo tratados no evento realizado na Cidade do México, com participação de 300 expositores, analistas e produtores de 20 países.
“O café traz desenvolvimento e prosperidade em muitos países, mas ainda há pobreza em algumas comunidades”, disse o diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Oliveira Silva.
O dirigente brasileiro avaliou que o setor deve conseguir recursos para os pequenos produtores e destacou que há uma “necessidade urgente” em tornar sustentável a indústria cafeteira em um contexto de crise econômica. EFE
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