México suspende avaliação de professores em 2 Estados por falta de condições

  • Por Agencia EFE
  • 20/06/2015 22h07

Cidade do México, 20 jun (EFE).- O governo do México informou neste sábado da suspensão dos exames de avaliação dos professores nos estados de Oaxaca e Michoacán, durante um dia de protestos contra esta medida prevista na reforma educacional de 2013.

A Secretaria de Educação Pública (SET) informou em comunicado que os candidatos à promoção a cargos de direção, supervisão e assessoria técnica pedagógica de Oaxaca e Michoacán foram notificados ontem de forma individual sobre “a suspensão do exame, por não existir todas as condições que garantissem sua realização”.

“A SET e as autoridades educacionais desses estados disseram que informariam nos próximos dias o horário e lugar para que exerçam seu direito a participar do processo de avaliação”, assinalou a instituição.

Contudo, a SET assegurou que o processo avança “com normalidade” nas outras 30 entidades federativas do país, nas quais são aplicados os exames em 249 sedes, e destacou que no estado de Guerrero “se reporta um nível de participação de 91,4%”.

Previamente, a Secretaria tinha informado que 48.674 candidatos estão registrados para concorrer no sábado e no domingo a 5.721 cargos de direção, 1.003 de supervisão e 15.141 de assessoria técnica pedagógica.

Representantes da Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE) em Michoacán, Guerrero, Oaxaca e Chiapas, estados da faixa sul-sudeste do México, a mais pobre do país, assim como na capital, aumentaram na sexta-feira as advertências de boicote contra os exames.

Neste sábado, grupos de professores efetivamente se manifestaram em vários estados, mas em números muito mais reduzidos que os vistos em novos protestos aos quais se somaram os docentes, como os realizados para exigir justiça no caso dos 43 estudantes desaparecidos em setembro do ano passado em Guerrero.

Na cidade de Oaxaca, capital do estado homônimo, cerca de 200 professores marcharam desde a sede do Instituto Estadual de Educação Pública de Oaxaca (IEEPO) em direção a ao Zócalo (praça central), onde, além disso, os professores realizaram um comício.

O líder local da CNTE, Rubén Núñez, assegurou que nenhum professor de Oaxaca se inscreveu para o exame de avaliação.

“Por enquanto, temos de dizer a todos que em Oaxaca a avaliação punitiva não passará e que fazemos o apelo fraterno e combativo para que nenhum de nós se inscreva e registre neste processo avaliativo; é um acordo estadual e da CNTE”, declarou.

Além disso, os protestos da CNTE nas sedes onde a SET aplicaria os exames fizeram com que apenas 200 professores se inscrevessem no estado de Chiapas.

Na Universidade Politécnica de Suchiapa, os dissidentes isolaram a entrada para evitar a avaliação, mas foram “atacados selvagemente pela Polícia estadual, federal e pela Gendarmaria”, segundo o grêmio.

“Os soldados jogaram gás lacrimogêneo, bateram nos manifestantes para tentar expulsá-los e detiveram dois professores, mas com o apoio dos moradores se obrigou a sua libertação”, assegurou Pedro Gómez Bahamaca, dirigente da CNTE.

Em outras sedes foram registrados focos de violência. Pelas redes sociais os docentes afirmaram que “a agressão deixou o saldo de vários professores e pais de família feridos e detidos” e responsabilizaram “o governo federal e estadual pelas consequências físicas, jurídicas e administrativas do terrorismo de Estado”.

No porto de Acapulco, Guerrero, várias dezenas de manifestantes marcharam vigiados por agentes antimotim e realizaram um comício para denunciar “uma avaliação que tem como propósito castigar e tirar os direitos trabalhistas que historicamente os trabalhadores da educação conquistaram”, segundo declarou um dos participantes.

O secretário (ministro) de Educação Pública mexicano, Emilio Chuayffet, afirmou na sexta-feira que a vontade de seguir em frente com a reforma educacional de forma íntegra “é inquebrantável”, por ser para o governo mexicano uma “prioridade indiscutível a garantia de uma educação de qualidade com igualdade”.

Chuayffet disse que com a reforma “se está deixando para trás um modelo que não respondia às exigências da circunstância atual”, no qual as vagas docentes são atribuídas por lealdades sindicais ou relações pessoais, e não por aptidões profissionais.

No entanto, advertiu que “ninguém deve crer que em apenas seis anos se pode consumar a reforma educacional” promulgada pelo presidente Enrique Peña Nieto em 2013, já que “se requer a vontade de muitos, por muito tempo”. EFE

jcz/ma

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