México: violação de direitos humanos continua apesar de promessas do governo

  • Por Agencia EFE
  • 21/01/2014 15h26
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São Paulo, 21 jan (EFE).- A violação de direitos humanos para combater a violência no México não parou com o retorno ao governo do Partido Revolucionário Institucional (PRI), do presidente Enrique Peña Nieto, afirmou nesta terça-feira a ONG Human Rights Watch.

O diretor da HRW na América, Daniel Wilkinson, apresentou o relatório anual da organização, em que denunciou a impunidade, o descumprimento das leis pelas Forças Armadas e de Segurança e o uso da tortura.

“Enrique Peña Nieto prometeu acabar com a violência resultante do confronto contra o narcotráfico”, explicou Wilkinson à Agência Efe, e tachou de “absurda” a estratégia do ex-presidente Felipe Calderón, antecessor de Peña Nieto e promotor da “Guerra ao Narcotráfico”.

Na opinião de Wilkinson, “todos vimos o resultado, 70 mil mortos. Segundo ele, todos eram narcotraficantes matando narcotraficantes, mas era impossível afirmar isso porque não havia investigações”.

Para HRW, a chegada de Peña Nieto experimentou mudanças na retórica, mas faltou “uma variação em relação à política contra o narcotráfico”.

Esta estratégia continua sendo a mesma que a do Partido Ação Nacional (PAN) de Calderón, já que em estados como Michoacán e Tamaulipas, “continuam os problemas e o exército mandando”, ao assumir a função de polícia.

No resumo dedicado ao México, a ONG destaca que “o governo obteve poucos avanços no julgamento de vários assassinatos, desaparecimentos e torturas de soldados e policiais em ações contra o crime organizado, inclusive durante a presidência de Peña Nieto”.

De acordo com a ONG, o desaparecimento de pessoas promovido por todos os galhos das forças de segurança continuam acontecendo durante o governo de Peña Nieto, “em alguns casos em colaboração direta com organizações criminosas”.

“Em junho de 2013, a Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) do México indicou que estava investigando 2.443 desaparições nas quais tinha encontrado evidências da possível participação de agentes do estado”, citou o relatório.

Que também denunciou a impunidade contra a violência vinculada ao narcotráfico e ao crime organizado.

“Em quase todos os casos, os militares que cometem estes abusos não são levados à justiça, em grande parte porque as ações continuam sendo investigados e julgadas no sistema de justiça militar, ao qual falta independência e transparência”, apontou o relatório.

Em relação a tortura, o documento assinala que “é comum que se pratiquem para obter informação e confissões sob coação” e alerta que “são muitos os juízes que ainda admitem confissões obtidas mediante tortura”.

O texto, no entanto, citou a lei promulgada pelo governo destinada a garantir os direitos das vítimas do crime no país. EFE

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