Milhares de colombianos marcham em 50 cidades para exigir respeito à vida

  • Por Agencia EFE
  • 08/03/2015 20h30
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Cynthia de Benito.

Bogotá, 8 mar (EFE).- Milhares de colombianos marcharam neste domingo em 50 cidades do país e outras do exterior para exigir respeito à vida e enviar uma mensagem de unidade de uma nação que pede que a violência termine de uma vez por todas.

Na Colômbia, onde o conflito armado acumula meio século de tragédias, a taxa de homicídios se situa em “cerca de 32%, enquanto a média mundial é de 7%”, destacou o ministro do Pós-Conflito, Óscar Naranjo, em Cartagena, onde participou de um fórum que analisa as relações transpacíficas.

O “inadmissível” número, nas palavras do ministro e membro da equipe negociadora da paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), mostra uma realidade que cansa os colombianos e que os levou às ruas hoje sob o lema do respeito à vida.

A “Marcha pela Vida”, convocada há dois meses pelo ex-prefeito de Bogotá e ex-candidato presidencial Antanas Mockus, contou com a presença de vários políticos e membros do governo, liderados pelo chefe de Estado, Juan Manuel Santos.

Todos eles, vestidos com camiseta branca, elogiaram a iniciativa de Mockus, que gerou controvérsia nos últimos dias.

Apesar de fazer um convite a toda a sociedade, nenhum membro do partido de direita Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), participou da passeata por considerar que era um acordo com o governo para respaldar o processo de paz que mantém com as Farc em Cuba.

No entanto, os promotores quiseram desvincular totalmente a iniciativa das negociações que acontecem há mais de dois em Havana, alegando que vai além de um acordo definitivo e promove uma cultura de respeito mútuo.

“A vida não é conservadora, nem liberal, nem comunista. A vida é de todos, é sagrada, Viva a vida!”, exclamou Mockus momentos antes de iniciar a passeata.

O caráter apolítico do evento também foi defendido pelo presidente Santos, que nos últimos dias instou seus compatriotas a participar desta marcha.

“Eu estou aqui como cidadão, por uma boa causa, respaldando o professor Mockus neste gesto pela vida e para a vida”, disse Santos durante o percurso, no qual esteve acompanhado pela primeira-dama, María Clemencia Rodríguez, e seu filho Martín.

A família presidencial realizou a última parte da passeata, que começou em várias áreas da capital colombiana por volta das 10h30 (horário local, 12h30 de Brasília).

Os manifestantes bogotanos e de várias outras cidades da Colômbia se uniam assim a outros muitos colombianos que em países como China, Vietnã, Austrália, Espanha e Portugal pediram que se respeite a vida.

Dentro e fora do país, os cidadãos expressaram as mesmas mensagens: “A vida é sagrada”, “Paz com justiça social” e “Não veja o habitual como uma coisa natural, nada é impossível de mudar”.

Sob um sol inclemente, os bogotanos completaram a marcha na Praça de Bolívar, onde Mockus e o prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, lembraram que eventos como este são necessários.

Entre a amálgama de presentes estavam o coletivo de Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais da Colômbia, indígenas e organizações de defesa dos direitos da mulher, que lembram hoje seu Dia Internacional.

Os atos reivindicativos das mulheres se integraram nesta “Marcha pela vida”, em uma “coincidência maravilhosa”, nas palavras da primeira-dama, que resultou em uma exigência ao respeito dos direitos fundamentais de qualquer coletivo.

“São duas coincidências maravilhosas, nós as mulheres somos geradoras de vida e nada melhor que manifestar-se em apoio à vida”, concluiu María Clemencia Rodríguez. EFE

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