Milhares de opositores russos protestam por falta de alternância no Kremlin

  • Por Agencia EFE
  • 20/09/2015 18h39
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Moscou, 20 set (EFE).- Milhares de pessoas participaram neste domingo de um comício de protesto em Moscou, convocado pela oposição extraparlamentar russa, contra a falta de alternância no Kremlin, a um ano das eleições parlamentares.

O popular líder opositor Alexei Navalny, que conseguiu um terço dos votos nas últimas eleições para a prefeitura de Moscou, acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de monopolizar o poder e de lidar com os recursos do país de acordo com seu desejo.

Navalny voltou a repetir o famoso ditado que diz o partido governista Rússia Unida é o “partido dos ladrões e dos sem-vergonhas”, ao que os presentes responderam cantando o popular grito de guerra “Rússia sem Putin”.

Embora ainda não tenha confirmado, Putin, que já foi presidente por dois mandatos, de 2000 a 2008 e que voltou ao Kremlin em 2012 – provavelmente se candidatará a reeleição nas presidenciais de 2018, embora em 2024 tenha que deixar o posto, já que a Constituição proíbe mais de dois mandatos consecutivos.

A manifestação aconteceu após as eleições municipais de 13 de setembro, em que os partidos mais críticos ao Kremlin só puderam participar na da região de Kostroma, onde não alcançaram 2 % dos votos.

A oposição acusa a Comissão Eleitoral Central de impedir, com falsos argumentos, que seus candidatos se apresentassem em várias regiões do país.

Tanto os organizadores do protesto como os nacionalistas e os comunistas, que têm representação parlamentar, denunciaram várias irregularidades durante o dia da votação, embora Putin tenha elogiado a limpeza do pleito.

No comício hoje podiam se ver várias bandeiras tricolores russas e os símbolos do Partido do Progresso de Navalny, do partido liberal PARNAS e de outras organizações democráticas minoritárias, como Solidariedade.

Os opositores que discursaram também denunciaram a corrupção na administração pública, horas depois do ex-governador da República Autônoma dos Komi, membro do partido do Kremlin, Rússia Unida, ter sido detido por corrupção.

Entre os cartazes que os manifestantes levavam estavam alguns contra a possível intervenção militar russa na Síria, e críticas a Putin pela profunda recessão na economia, que fez dobrar o número de pessoas abaixo da linha de pobreza.

Navalny também não hesitou em acusar diretamente o líder da república da Chechênia, Ramzan Kadyrov, do assassinato do político opositor liberal Boris Nemtsov.

A manifestação aconteceu hoje no bairro de Marino, no leste da capital russa, porque as autoridades locais negaram a solicitação de realizar um comício e uma passeata no centro de Moscou.

Como é tradição, não participaram membros das formações opositoras com representação parlamentar – comunistas, nacionalistas e social-democratas, que acusam Navalny e seus seguidores de ter vínculos com Ocidente. EFE

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