Milhares de palestinos deixam cidade ao sul de Gaza após incursão israelense
Saud Abu Ramadan.
Gaza, 1 ago (EFE).- Milhares de palestinos abandonaram nesta sexta-feira a cidade de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza e na fronteira com o Egito, depois que forças israelenses efetuaram uma incursão por terra e foram registrados intensos bombardeios de tanques e caças.
Os combates entre as tropas israelenses e milicianos do grupo islamita Hamas começaram pouco antes que entrasse em vigor um cessar-fogo humanitário proposto pela ONU de 72 horas e que tinha sido aceito pelas partes em conflito.
Os corpos de mulheres, crianças e idosos apareciam estendidos nas ruas, enquanto os feridos perambulavam gritando, as ambulâncias eram incapazes de chegar a todas as vítimas e o principal hospital da cidade foi evacuado após ser alvo dos disparos de tanques.
As operações do exército israelense por terra e ar sobre a cidade se intensificaram depois dos intensos combates com milicianos de manhã, que atacaram forças israelenses matando dois soldados e após o desaparecimento de um terceiro, que o exército israelense considera sequestrado.
Dirigentes políticos do Hamas negaram que seus militantes tenham capturado algum uniformizado israelense e acusam Israel de empregar esse argumento como desculpa “para intensificar suas agressões contra o povo palestino” e culpar às facções palestinas da violação do cessar-fogo pactuado.
Os moradores da cidade que fugiram da zona leste para buscar refúgio na zona ocidental disseram que a situação é caótica e que os tanques bombardearam casas, estradas, ruas, mesquitas, hospitais e clínicas e acusaram o exército israelense de cometer um verdadeiro massacre em Rafah.
Charcos de sangue dão as boas-vindas ao visitante na entrada do hospital Abu Youssef al-Najar, completamente evacuado após os bombardeios dos carros blindados israelenses.
Voluntários conseguiram evacuar os corpos de mais de 50 mortos e centenas de feridos escaparam da cidade.
Ahmed Abu Anza, que perdeu dois de seus familiares, contava entre soluços as cenas que viu: “Mataram minha irmã e meu irmão e depois mataram todos nossos vizinhos. Todos morreram quando escapavam de suas casas tremulando bandeiras brancas”.
“As pessoas passaram entre dois tanques israelenses e pensaram que estavam a salvo, mas após caminhar dezenas de metros, os tanques dispararam e os mataram”, acrescentou a testemunha.
Sobhi Radwan, prefeito de Rafah, classifica o que aconteceu na cidade de “verdadeiro genocídio humano”, e acrescentou que cerca de 100 mil pessoas abandonaram suas casas. EFE
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