Milhares de refugiados afegãos deixam Paquistão por medo de plano antiterror

  • Por Agencia EFE
  • 08/02/2015 13h28

Cabul, 8 fev (EFE).- Cerca de 24 mil refugiados afegãos fugiram do Paquistão em janeiro, acossados pelas medidas de um plano de ação antiterrorista implantado após um mortífero ataque a uma escola e que forçou, em um mês, a saída do mesmo número de pessoas que em todo o ano de 2014, informaram neste domingo à Agência Efe fontes oficiais.

“O aumento se deve aos recentes incidentes de segurança no Paquistão, particularmente ao ataque ao colégio de Peshawar em 16 de dezembro”, disse um porta-voz da Organização Internacional de Migrações (OIM) no Afeganistão, Matthew Graydon, para se referir ao atentado que deixou 151 mortos no noroeste do país.

No meio da crescente tensão, as forças de segurança paquistaneses realizaram batidas nas casas e locais de trabalho dos refugiados afegãos, que começaram a abandonar o país em massa devido à extorsão e ao assédio que sofriam, conforme denuncia a OIM.

As coisas também não serão fáceis na volta ao Afeganistão, onde deverão se reintegrar econômica e socialmente após duas décadas fora do país.

O retorno de milhares de refugiados piorará além disso o “problema de desemprego” que afeta o país islâmico, onde dos 12 milhões de pessoas em idade de trabalhar, 4,5 milhões estão desempregados, advertiu à Efe o porta-voz do Ministério do Trabalho afegão, Ali Eftekhari.

O “significativo e inesperado” aumento no número de pessoas que estão cruzando a fronteira é preocupante para a OIM, que teve que limitar sua ajuda a 10% das famílias.

O governo afegão também não está preparado para enfrentar a situação, afirmou à Efe o porta-voz do departamento de Refugiados, Islamuddin Jurat.

O porta-voz antecipou que seu governo se reunirá nesta semana com o Paquistão para buscar uma solução “legal” para o problema. Hoje, em entrevista coletiva, organizações de direitos humanos pediram a mediação das Nações Unidas.

“Queremos que a ONU, os governo afegão e paquistanês encontrem uma solução conjunta para o problema e ponham um fim no assédio que os refugiados afegãos sofrem atualmente”, disse à Efe Maisam Ehsani, da Rede de Jovens Ativistas.

Como parte de seu plano de ação antiterrorista, o Paquistão aprovou a criação de tribunais militares, voltou a aplicar a pena de morte, deteve mais de 10.000 pessoas por diferentes crimes e intensificou a ofensiva militar contra os insurgentes no noroeste do país, na fronteira com o Afeganistão. EFE

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