Milhares de tailandeses marcham exigindo formação de governo não eleito
Bangcoc, 9 mai (EFE).- Milhares de tailandeses saíram às ruas da capital Bangcoc nesta sexta-feira para pedir a formação de um governo provisório não eleito após a destituição da primeira-ministra interina, Yingluck Shinawatra, acusada ontem de negligência na condução do programa de subsídios ao arroz.
Os manifestantes, que vêm pressionando pela renúncia da atual Administração desde outubro e rejeitam a realização de eleições sem uma profunda reforma no país, retornaram às ruas após várias semanas acampados no principal parque da metrópole.
O líder do protesto antigovernamental, o ex-parlamentar Suthep Thaugsuban, se referiu à marcha como “a batalha final”, que percorrerá as principais ruas e avenidas de Bangcoc em seis grupos distintos.
Suthep pediu que seus seguidores se deslocassem até a sede do governo, que está fechada e sitiada por um acampamento opositor há meses, e aos edifícios das cinco emissoras de televisão mais importantes do país.
“Se alguém vir Niwatthamrong (o novo primeiro-ministro interino), por favor, digam-lhe que eu o convido para conversar comigo”, afirmou Suthep em um discurso anterior ao início da manifestação.
A polícia reforçou a segurança em ministérios e edifícios públicos para evitar que os manifestantes ocupem algum dos escritórios estatais, como já fizeram em novembro do ano passado.
A principal reivindicação dos manifestantes é a de invocar o artigo 7º da Constituição para que o rei da Tailândia, o octogenário Bhumibol Adulyadej, designe o próximo chefe de governo sem eleições.
Um “conselho popular”, liderado pelo primeiro-ministro designado pelo rei e não eleito, ficaria responsável por fazer uma série de reformas políticas, como a descentralização do poder do Estado e a reformulação da polícia, entre outras, antes de convocar um referendo que devolvesse a iniciativa à soberania popular.
“Somos a favor das eleições, que se respeite a vontade popular, mas antes de votar é preciso reformar o sistema e livrá-lo da corrupção”, declarou à Agência Efe um dos manifestantes.
A marcha, que inicialmente foi convocada para o dia 14, acabou sendo antecipada após a decisão do Tribunal Constitucional na última quarta-feira, que opinou que a ex-primeira-ministra cometeu abuso de poder e violou a Carta Magna durante a troca de um alto funcionário.
Além disso, a Comissão Anticorrupção acusou ontem, formalmente, Yingluck de negligência na condução do programa de subsídios ao arroz, o que pode deixá-la inelegível em qualquer cargo político por cinco anos.
O porta-voz da comissão, Vicha Mahakhun, afirmou que existem evidências de negligência no comportamento da ex-chefe de governo no programa de subsídios ao arroz, porque como presidente do Comitê Nacional de Políticas do Arroz poderia ter suspendido o programa depois que ele começou a dar prejuízo.
A Tailândia vive uma grave crise política desde o golpe militar que derrubou Thaksin Shinawatra – irmão mais velho de Yingluck – em 2006 e, desde então, manifestações e protestos populares vêm ocorrendo sucessivamente com a intenção de paralisar o governo da vez.
O ministro interino do Comércio, Niwattumrong Boonsongpaisan, foi escolhido para ocupar a chefia do Executivo enquanto são organizadas as eleições gerais para o dia 20 de julho, das quais Yingluck não poderá concorrer se for inabilitada pela Comissão Anticorrupção. EFE
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