Miliband, o líder trabalhista que quer acabar com a austeridade

  • Por Agencia EFE
  • 04/05/2015 16h12
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Londres, 4 mai (EFE).- O líder trabalhista britânico Ed Miliband, que busca o retorno de seu partido ao poder nas eleições do 7 de maio com um discurso de fim da austeridade, é um político pouco midiático, mas afável e comprometido.

Miliband, que aos 40 anos se tornou, em setembro de 2010, o líder trabalhista mais jovem da história, é da ala mais à esquerda do partido da oposição, mais próximo aos sindicatos e ao ex-primeiro-ministro Gordon Brown (2007-10).

Após passar quase toda sua carreira política “à sombra” de seu irmão, David, Ed Miliband conseguiu na campanha eleitoral ganhar mais admiradores, deixando inclusive para trás sua comparação com Wallace, o famoso personagem de dentes grandes e um tanto trôpego da animação Wallace & Gromit.

Até mesmo a cruel imprensa britânica começou a caricaturá-lo mais como James Dean, Don Draper ou Mick Jagger, e um grupo de meninas abriu uma conta no Twitter com o nome Milifandom, que mostra sua atração pelo político trabalhista.

Cinco anos após assumir a liderança do partido após um duelo fratricida pelo poder com seu irmão mais velho, David, o caçula dos Miliband quer agora se instalar na casa número 10 de Downing Street.

Nascido em 24 de dezembro 1969 em Londres, Edward Samuel “Ed” Miliband é filho dos imigrantes Ralph Miliband, prestigiado acadêmico marxista que fugiu dos nazistas após a invasão da Bélgica na Segunda Guerra Mundial, e de Marion Kozak, ativista polonesa que também se refugiou no Reino Unido.

Ed começou na política britânica na época universitária, quando estudou Filosofia, Política e Economia no Corpus Christi College, da Universidade de Oxford, e na London School of Economics (LSE).

Ele também passou um ano em Harvard, nos Estados Unidos, onde teve aulas de economia antes de voltar a Londres para fazer carreira política no Partido Trabalhista.

Ed Miliband sempre mostrou afinidade com Gordon Brown, de quem foi assessor especial no final da década de 90, quando o ex-premiê era ministro de economia do governo do ex-primeiro-ministro Tony Blair (1997-2010).

Em 2005, o caçula dos Miliband deu o salto para o parlamento britânico ao ser eleito deputado trabalhista pela circunscrição de Doncaster North, no norte da Inglaterra.

Dois anos depois, ele foi nomeado titular de Energia e Mudança Climática, enquanto seu irmão David ganhava a atenção da imprensa e era visto como possível futuro líder do partido.

Após a derrota dos trabalhistas nas eleições de 2010, tudo indicava que David Miliband, afilhado político de Tony Blair, seria escolhido o novo líder do partido.

No entanto, para surpresa de muitos e com um discurso mais à esquerda, Ed ganhou o apoio dos sindicatos e conquistou, em votação interna em setembro de 2010, a liderança dos trabalhistas.

O caminho até a eleição deste ano não foi fácil para Ed Miliband, pois teve que trabalhar para reverter seus baixos índices de popularidade.

Inclusive em entrevista durante a campanha eleitoral, Ed deu um passo à frente e respondeu a uma pergunta do conhecido jornalista Jeremy Paxman, que questionava sua preparação para governar o país: “Céus, claro que sim. Sou suficientemente forte para ser primeiro-ministro”.

Em uma eleição que promete ser das mais apertadas da história do Reino Unido, as pesquisas mostram trabalhistas e conservadores em empate técnico, sem perspectivas de ganhar com maioria suficiente para governarem sozinhos, e Ed Miliband parece sair com vantagem nas possíveis alianças que possam surgir após o pleito.

Embora Miliband tenha se recusado a formar uma coalizão com o Partido Nacionalista Escocês (SNP) apesar do apoio já expressado pelo partido, as cadeiras dos nacionalistas escoceses podem ser decisivas para levá-lo ao poder. EFE

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