Militares justificam golpe de Estado na Tailândia
Bangcoc, 29 mai (EFE).- A Junta Militar que governa a Tailândia justificou nesta quinta-feira o golpe de Estado, anunciado na última semana, como uma medida para evitar a queda do país depois de inúmeras tentativas de conciliação entre as forças políticas.
“Não foi uma ação premeditada. Vimos-nos forçados a entrar em ação para evitar que a Tailândia se transformasse em um Estado fracassado”, assinalou o general Chatchalerm Chalermsukh, no primeiro comparecimento dos militares perante a imprensa internacional.
O militar admitiu que a medida tomada foi “ilegal”, já que não contava com a aprovação Real, e que podia ser considerada como um ato de “alta traição”, cuja condenação costuma ser a morte.
No entanto, o Exército, a seu parecer, se viu obrigado a tomar medidas para “esfriar” as tensões entre o deposto governo e os manifestantes antigovernamentais, que, segundo os militares, poderiam desencadear uma Guerra Civil.
Desde o início dos últimos protestos antigovernamentais, em outubro de 2013, 28 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas.
“Não temos a ambição de nos fixar no poder”, apontou o general, que disse que, sem a intervenção dos militares, havia um alto risco do Executivo não aprovar os orçamentos para o ano seguinte.
Os últimos dados assinalam uma contração da economia tailandesa no primeiro trimestre, algo que não ocorria desde a crise econômica de 1997, enquanto as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto foram rebaixadas entre 1,5% e 2,5%.
Há uma semana, o chefe do Exército da Tailândia, o general Prayuth Chan-ocha, assumiu o controle do país para salvaguardar a “paz e a ordem” na Tailândia.
Na sequência, o militar decretou o toque de recolher, proibiu as reuniões públicas e suspendeu a Constituição, além de aplicar a censura nos meios de comunicação.
O porta-voz da Junta Militar apontou que já existe um “roteiro” para a reforma do sistema político tailandês, embora tenha evitado citar uma data concreta para o reestabelecimento da Constituição ou para aprovação de uma nova Carta Magna.
“Existe um conflito político se estendendo durante quase uma década, não podemos solucionar todos os problemas em um período tão curto de tempo”, disse Chatchalerm, ao apontar que é “impossível” realizar eleições em clima de hostilidades.
Desde o fim da monarquia absolutista em 1932, a Tailândia vivenciou 19 golpes militares, dos quais 12 tiveram êxito. EFE
nc/fk
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.