Mineradores e policiais entram em confronto após diálogo sobre Potosí falhar

  • Por Agencia EFE
  • 22/07/2015 23h05

La Paz, 22 jul (EFE).- Centenas de mineradores e de policiais entraram nesta quarta-feira em violentos confrontos em La Paz que terminaram com saldo de um ferido e dezenas de detidos, após o fracasso de uma nova tentativa de diálogo entre ministros e os líderes da greve geral na cidade de Potosí, que completou 17 dias.

Os mineradores usaram dinamite para enfrentar os agentes, que responderam com gás lacrimogêneo, provocando caos nas avenidas e ruas ao redor do Ministério de Governo, onde se tentava instalar uma mesa de negociação.

Os manifestantes, que horas antes estavam nos arredores do Ministério, dinamitaram uma de suas portas, ocuparam o pátio do edifício e destruíram a pedradas suas janelas, como constatou a reportagem da Agência Efe.

Os operários reagiram violentamente após saberem que seu representante, o presidente do Comitê Cívico Potosinista (Comcipo), Jhonny Llally, abandonou a reunião com os ministros por não ter sido realizada negociação para discutir as reivindicações dos manifestantes. Potosí está paralisada e isolada do resto do país desde o dia 6 de julho por causa de uma greve geral e bloqueios de estradas.

Os manifestantes exigem ao governo a construção de uma usina hidrelétrica, três hospitais, mais estradas, fábricas de vidro e cimento, um aeroporto internacional e ações efetivas para preservar a região montanhosa de Cerro Rico, deteriorada pela exploração em minas, entre outras exigências.

A controvérsia que impede o início das conversas está na exigência do Comcipo de que o presidente da Bolívia, Evo Morales, assine o acordo que for selado com os ministros, como uma garantia de que os projetos sairão do papel, já que a reivindicação tem vários anos.

Os ministros da presidência, Juan Ramón Quintana; e de Governo, Carlos Romero, responderam que Morales tomará conhecimento das conclusões do encontro, mas que “suas competências não lhe permitem assinar, nem aprovar acordos institucionais”.

Quando o confronto começou, os ministros conseguiram sair do Ministério, mas um funcionário ficou ferido no rosto, atingido pelos vidros que explodiram devido às pedradas.

A polícia deteve pelo menos 40 pessoas acusadas de ter participado das manifestações e causar destruição em instalações públicas e privadas, informou a imprensa local.

Também foram dinamitados dois veículos oficiais e houve incêndios na embaixada da Alemanha e em um hotel de propriedade da polícia, que foram controlados pelos bombeiros.

O vice-presidente do país, Álvaro García Linera, acusou os mineradores, em entrevista coletiva, de terem “atentado” contra a vida dos ministros e jornalistas que estavam no Ministério para fazer a cobertura da reunião.

García Linera acrescentou que se for preciso pedir desculpas à Alemanha, o fará, mas todos os danos foram produto dos explosivos lançados pelos mineradores. Ele também insistiu aos moradores de Potosí para que suspendam a greve, e convocou um novo encontro com os dirigentes do Comcipo para solucionar o conflito.

Após os incidentes, os líderes da greve em Potosí declararam à imprensa que não estão de acordo com os atos violentos e os atribuíram a supostos agentes infiltrados. Além disso, ele anunciou que as mobilizações em Potosí e em La Paz continuarão “até as ultimas consequências”. EFE

ja/id

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.