“Minha única preocupação é que os pais estejam tranquilos”, diz secretário de Educação sobre mudanças na rede

  • Por Jovem Pan
  • 15/10/2015 14h31
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Herman Voorwald Letícia Moreira/Folhapress Herman Voorwald

O secretário estadual da Educação Herman Voorwald deu entrevista à Jovem Pan na manhã desta quinta-feira (15) defendendo a medida do governo Alckmin que deve remanejar os alunos para que cada escola de São Paulo atenda preferencialmente a uma única etapa do ciclo básico de ensino. O Estado deve anunciar a mudança definitivamente daqui a um mês, em 14 de novembro.

“O nosso cuidado, e os pais podem ter a absoluta certeza de que o secretário terá o maior cuidado, é de garantir que não haja muito deslocamento”, garantiu Voorwald. “Minha única preocupação é que os pais estejam tranquilos”, disse o secretário em referência à mudança que pretende colocar estudantes da mesma faixa etária juntos. Alunos e professores contrários à medida, que protestaram novamente na manhã desta quinta na capital, temem que os deslocamentos dos alunos de suas casas até a escola sejam maiores, aumentando a evasão escolar, professores sejam demitidos, salas fiquem superlotadas e escolas sejam fechadas.

“É muito ruim uma escola em que crianças de 6, 7 anos convivam com adolescentes de 15, 16 anos”, argumenta o secretário. Ele garante que se baseou em estudos do Saeb (nacional), Saresp (estadual), que avaliam a educação, mas não cita números claros. Segundo o secretário, “os dados mostram que as escolas de segmento único têm resultados melhores do que as de vários segmentos”.  “A gestão escolar é mais simples, ter um diretor e professores focados em anos especiais, ou do 6° ao 9º ano, ou ensino médio”, argumenta. “A segmentação independente de qualquer trabalho já resulta na facilidade da gestão em um resultado melhor”, garante Voorwald.

Ensino Médio

Para o secretário, o foco das mudanças é melhorar a qualidade do Ensino Médio e aumentar a quantidade dos que conseguem alcançar o ensino superior. “A minha preocupação e de todos nós que lidamos com a educação é o Ensino Médio. A grande maioria não está indo para as universidades. Há em torno de 17% ingressando na faculdade e 83% vão direto ao mercado de trabalho. 3801 escolas que oferecem o ensino médio, mas só 377 são exclusivas”, cita.

Voorwald avalia que escolas preparadas para os jovens podem “dar a eles (jovens) uma melhor escola e ao professor uma melhor condição de trabalho. E, se possível, garantir toda a atribuição de aula do professor à mesma escola”.

Mapeamento

“A grande maioria dos municípios do estado de São Paulo tem uma escola só. Essa reorganização acontecerá em um número muito pequeno de escolas, onde eu possa garantir que os estudantes tenham uma organização melhor”, argumenta ainda o secretário.

Ele garante que o movimento de “reorganização” da rede de ensino paulista tem sido feita de forma muito detalhada. “(O que está sendo feito é) mapear todas as escolas com georreferenciamento e, a partir dos endereços dos alunos, verificar as escolas mais próximas”. Voorwald diz que há 5300 escolas de 645 municípios e são construídas em média “de 20 a 30” novas escolas por ano. “90% das 5300 escolas foram construídas no século passado”, que teriam uma média de 40 anos.

Os alunos sumiram

Outro argumento que, para o secretário, justifica a mudança neste momento é a queda na taxa de natalidade. “Em 20 anos, o estado de SP tem mais 2 milhões de alunos a menos. Eram 6,7 milhões e hoje são 3,8 milhões”, diz. Além disso, na sua visão, “há uma mobilidade da população, que está saindo do centro, das escolas do centro, e as escolas não conseguem se movimentar”.

Voorwald entende que essa conjuntura permite ao Brasil fazer o que tinha de ser feito há anos, retornando ao conceito de escolas únicas para “o famoso primário, famoso ginásio, famoso antigo colegial ou científico”. “O objetivo era criar escolas perto dos bairros novos”.

O secretário garante que o resultado final é “dar a tranquilidade à família”.

Ouça a entrevista completa no áudio do começo do texto.

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